O locaute desta semana, o sétimo promovido pelo setor nos últimos 12 meses, foi decidido após o anúncio da presidente Cristina Kirchner sobre a distribuição, com as províncias, de 30% da arrecadação de impostos de exportação da soja e depois que a ausência de quórum na Câmara impediu a discussão do assunto.
Uma nova sessão da Câmara argentina foi convocada para a próxima quarta-feira, mas se a bancada governista não comparecer ao plenário, mais uma vez não haverá quórum. Dos 257 deputados, pelo menos 129 precisam estar presentes no plenário, mas a oposição só conseguiu reunir 109 parlamentares na última sessão convocada. O governo possui 114 deputados em sua bancada e outros 22 de partidos menores do interior do país. O restante dos deputados é classificado como bloco independente, que vota contra ou a favor do governo, conforme a matéria em discussão.
O principal motivo da disputa com o governo diz respeito às alíquotas impostas sobre as exportações de soja e derivados que é de 35%. Com a queda dos preços das commodities agrícolas e os prejuízos que o setor teve com a pior seca dos últimos 30 anos, as entidades rurais insistem em que os produtores pequenos e médios estão à beira da falência e não podem arcar com os impostos. Elas alegam que os grandes grupos de investidores, em torno de dois mil, dominam o negócio da soja e, portanto, eles deveriam pagar a alíquota de 35%.
? Terminamos o locaute, mas vamos continuar protestando como Gandhi para mudar uma situação que nos asfixia. Queremos eliminação (do imposto) para os menores (produtores), diminuição para os médios e que paguem os que manejam o negócio da soja ? disse o presidente da Federação Agrária Argentina, Eduardo Buzzi, na manifestação realizada na província de Santa Fé.
Segundo o vice-presidente de Confederações Rurais Argentinas (CRA), Néstor Roulet, “nos últimos três anos, os impostos do setor renderam ao governo 70 bilhões de pesos (R$ 43 bilhões)”.