Os aumentos na área cultivada e na produtividade, mesmo pequenos, devem resultar em uma produção de 8,03 milhões de toneladas do grão, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Na última safra, foram 7,73 milhões de toneladas. De acordo com o presidente do Irga, Claudio Pereira, principalmente dois fatores contribuíram para a boa fase da cultura: a renegociação das dívidas dos produtores, no final do ano passado, e o cancelamento dos leilões do governo.
– Se há um leilão muito próximo da colheita, pressiona o preço do arroz para baixo – comenta Pereira.
Menos otimista, o presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz), Renato Rocha, acredita que a colheita deva ficar em 7,6 milhões de toneladas, devido ao clima e às doenças que atingiram a cultura (veja ao lado).
Embora na safra passada o preço da saca tenha atingido R$ 40, Pereira observa que, à época da colheita, era de R$ 24, menos do que o esperado para este ano. Com as dívidas renegociadas, os arrozeiros também não se sentem obrigados a vender grande parte da produção durante a colheita, quando o preço é menor. Animados, agricultores apostam em valores em torno dos R$ 35 a saca.
– O custo da produção cresceu cerca de 10%, por isso buscamos vender a saca por mais de R$ 30, para garantir o investimento – explica o produtor Gesiel Porciuncula dos Santos.
No Estado, a colheita já começou, mas a maioria das lavouras, segundo o presidente do Irga, está nos estágios de floração e de enchimento de grãos, com início da colheita previsto para a metade do mês.
No atual ciclo, o Rio Grande do Sul irá contribuir com aproximadamente 66% da oferta nacional do grão, que deve ser de 12 milhões de toneladas. A produtividade também deve apresentar crescimento: 7,5 toneladas por hectare, ante 7,3 toneladas por hectare da última safra, segundo a Conab.
As exportações, porém, devem cair. No último ano, foram embarcadas 1,4 milhão de toneladas de arroz, conforme o Irga. Para 2013, a expectativa é de exportar 1 milhão de toneladas. Entre os maiores compradores, no último ano, estavam Nigéria, Senegal, Benin, Cuba e Venezuela.
Clima pode prejudicar a produtividade
Os dias de baixas temperaturas em janeiro prejudicaram as lavouras de arroz da Campanha. O produtor Gesiel Porciuncula dos Santos, que cultivou 200 hectares em Bagé, teme que o frio possa afetar ainda mais a cultura.
– Já vemos alguns cachos pretos e grãos com falhas – lamenta.
Na propriedade, as perdas na produtividade devem chegar a 10%, devido ao clima. Para auxiliar na comercialização da safra, os produtores esperam que o governo federal anuncie R$ 1 bilhão em recursos. O presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz), Renato Rocha, também deve solicitar medidas como a criação de cotas de importação do Mercosul, para que não entre produto no Brasil durante a colheita, e desoneração tributária para exportação.
– Somos o sexto exportador de arroz, mas não temos competitividade lá fora. Precisamos que o governo abra mão dos impostos – afirma.
As medidas serão solicitadas aos representantes dos governos federal e estadual, durante programação da 23ª Abertura Oficial da Colheita do Arroz, que acontecerá de 21 a 23 de fevereiro, no Parque de Eventos de Restinga Sêca.
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