Rocha fez o comentário a ser questionado sobre a declaração do secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Neri Geller, de que o governo está atento a alta dos preços do arroz e pode realizar leilões dos estoques oficiais, estimados em 1 milhão de toneladas, quando os preços ao produtor no Rio Grande do Sul ultrapassar R$ 34,00 a saca de 50 quilos. O preço está em R$ 32,00.
O presidente da Federarroz disse que o aumento do preço do arroz, que está 7% acima da safra passada e 11% superior ao da safra 2010/2011, se deve à redução da oferta proporcionada pela diversificação de atividades por parte dos produtores, que no ano passado plantaram 300 mil hectares de soja em áreas de várzeas. O líder arrozeiro argumentou que os leilões do governo e as importações dos países vizinhos do Mercosul podem derrubar os preços e comprometer a capacidade dos produtores de quitar as parcelas das dívidas que estão sendo renegociadas com os agentes financeiros.
Em relação às preocupações com a importação de arroz do Mercosul, que nos primeiros quatro meses deste ano atingiu 291.997 toneladas, volume 29,8% acima a igual período passado, Renato Rocha afirmou que o setor vai buscar entendimentos com os países vizinhos para tentar escalonar a entrada do cereal no mercado brasileiro, principalmente em épocas de colheita. A primeira reunião será realizada em 20 de junho, em Montevidéu, com o setor privado e o ministro da Agricultura do Uruguai. A Federarroz, com apoio do governo do Rio Grande do Sul, pretende também realizar reuniões com produtores paraguaios e argentinos.
Dívida
O presidente da Federarroz informou que os bancos privados e das montadoras estão começando a aceitar renegociar as dívidas dos produtores rurais. A iniciativa faz parte das orientações da Federação Brasileiras dos Bancos (Febraban), que ficou de buscar um entendimento com as instituições financeiras após uma audiência pública realizada na Câmara dos Deputados.
Segundo Rocha, a dívida do setor é estimada em R$ 3,1 bilhões e cerca de 70% foi contratada com bancos públicos ou de fomento, que aceitam as recomendações do Conselho Monetário Nacional (CMN) de alongamento por 10 anos, a juros de 5,5% ao ano. Rocha afirmou que as propostas dos bancos privados eram de alongamento por três anos, pois neste caso não são obrigados a aceitar as normas estabelecidas pelo CMN. Agora, disse ele, alguns bancos estão propondo alongamento por cinco anos, com adiamento da parcela que vence neste ano para o fim do contrato.