Agricultura

Produtores ganham assistência e querem se tornar fazenda-modelo

Propriedade foi convidada por uma empresa parceira para receber assistência técnica e melhorar a forma de trabalho

O casal de produtores rurais Gerusa Catelan Trivelato e João Trivelato Neto querem tornar a fazenda Zilmar, em São Gabriel D’Oeste (MS), uma propriedade modelo. A ideia é tornar o negócio atrativo para as filhas do casal, que vêm sendo estimulados desde crianças a sucederem os pais no negócio.

Família Catelan Trivelato
Família Catelan Trivelato. Foto: Gerusa Catelan Trivelato/divulgação

Gerusa conta que a grande dificuldade para alcançar esse objetivo era a falta de um plano bem traçado, que norteasse o trabalho no dia a dia. “Nós trabalhávamos sem regras definidas”, conta.

Dois anos atrás, a família recebeu um convite da ADM, empresa que atua na comercialização e processamento de grãos, para participar do programa da Produzindo Certo. A fazenda Zilmar vende soja e milho — há cerca de 1.500 hectares plantados na propriedade — para a ADM, que resolveu incentivar os parceiros na busca por sustentabilidade, custeando assistência técnica gratuita.

crianças brincando sobre caminhão carregado
Foto: Gerusa Catelan Trivelato/divulgação

“Ficamos muito felizes, porque já queríamos desenvolver isso, mas não sabíamos como. Sustentabilidade é um conceito novo. Antigamente, não se sabia e administrávamos a fazenda de forma simples, sem as preocupações”, relata Gerusa.

Os técnicos da Produzindo Certo visitaram a fazenda, coletaram dados e informações sobre o negócio para criação do placar de sustentabilidade e do plano de ação específico para a fazenda. Como em outras propriedades, as metas criadas levaram em consideração a capacidade de investimento, sem comprometer o funcionamento da produção de alimentos. “Não dá para focar na mudança e deixar de plantar e colher”, frisa a produtora.

O que mudou até agora no quesito sustentabilidade?

Diferente das fazendas da família Secco, de Goiás, que recebem assistência técnica há cinco anos, a família Trivelato começou recentemente no programa. Por conta da pandemia da Covid-19 e seus impactos, eles não conseguiram avançar muito no plano de ação, apesar de estarem em dia com o cronograma.

Porém, Gerusa conta que passos importantes foram dados, principalmente no que diz respeito à segurança no trabalho. “Em qualquer atividade na fazenda, mesmo que seja cortar grama. É o uso de EPI [equipamento de proteção individual] e de materiais corretos, e também o uso correto dos materiais”, diz.

Funcionário usando todo o EPI necessário para aplicação de produtos químicos.
Funcionário usando todo o EPI necessário para aplicação de produtos químicos. Foto: Gerusa Catelan Trivelato/divulgação

A fazenda Zilmar também ganhou áreas específicas para destinação do lixo e lavagem de embalagens de produtos químicos. “A gente sempre teve essa preocupação, porém, o que mudou é que a gente agora sabe a maneira de como alcançar isso, temos uma instrução de como chegar lá”, pontua.

A família acredita que o produtor precisa ter as mesmas preocupações de empresários de outros setores em relação ao meio ambiente e à sustentabilidade. “Alguns pensam ‘fazenda é fazenda’ e fazem de qualquer forma. Mas tem que ter visão de empresa, porque ela é uma. Tem que ter olhos de empreendedor”, defende Gerusa.

Foto: Gerusa Catelan Trivelato/divulgação - fazenda zilmar
Foto: Gerusa Catelan Trivelato/divulgação

Além disso, os Trivelato perceberam que conhecimento é determinante para levar a produção agrícola a um novo nível. Por isso, a família vem investindo em cursos profissionalizantes para os funcionários.

“Não é só ter administração modelo. Quando chega no fim, precisamos ver quanto produzimos e quanto gastamos, se cumprimos todas as normas. Temos que observar a plantabilidade, o controle de solo e a questão da terra em si, se é produtiva”, conta Gerusa. “Buscamos ter profissionais que façam regulagens cada vez mais específicas”.

A fazenda também trabalha com pecuária PO e de corte. Mesmo não recebendo assistência técnica diretamente, a criação de bovinos vem sendo beneficiada pela mudança de mentalidade na agricultura. “Nós não aceitamos mais fazer de forma amadora”, declara.

Gado de elite da Tabapuã da GE
Gado de elite da Tabapuã da GE. Foto: Gerusa Catelan Trivelato/divulgação

Setor privado tomando o protagonismo na assistência técnica

Gerusa afirma que o Brasil deveria ter mais iniciativas como a Produzindo Certo, que apoiem o produtor rural na adequação do seu trabalho às regras cada vez mais exigentes da indústria e dos consumidores. “As empresas também precisam da gente, então tem que ser uma troca. Produção por instrução”.

Quer entender melhor o trabalho da Produzindo Certo? Confira na matéria!