A helicoverpa armigera é distribuída largamente na Ásia, África, Oceania e regiões Centro e Sul da Europa. Até a identificação da Embrapa no oeste da Bahia, ela não existia nas Américas. As mudanças no comportamento das lagartas têm dificultado o controle da praga.
– Para combater essa lagarta não adianta uma ação isolada. Tem que ser várias, um manejo completo. É uma praga de muito difícil acesso. Como ela se alimenta de órgãos reprodutores, no caso do algodão, ela fica escondida no botão floral ou na maçã, e essa maçã é envolvida por uma bráctea. Então é muito difícil o defensivo atingí-la – comenta o agrônomo Fernando Fumagalli.
A infestação da lagarta já provocou prejuízo estimado em 730 milhões de reais nas lavouras de algodão. Para combater essa praga, o Ministério da Agricultura autorizou o uso de sete tipos de inseticidas. Porém, quatro ainda não estão disponíveis para os produtores.
– A curto prazo, infelizmente, não temos soluções milagrosas. Temos alguns produtos que sugerimos ao Ministério e que foram aprovados em caráter emergencial, mas que ainda não estão liberados. Inclusive alguns deles que não existem no Brasil – afirma Celito Breda, produtor de algodão e diretor da Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa).
Entre os produtos recomendados pelos agricutores ao Mapa, está o benzoato de emamectina, aprovado em vários países dos mundo, mas ainda indisponível ao produtor brasileiro. Mesmo assim, o Ministério aprovou em caráter emergencial o uso da substância.
Com o problema enfrentado pelos agricultores, a produção deve ser menor em relação ao ano anterior. A produtividade média, que é de 260 arrobas por hectare, pode cair para 220.
– Temos lavouras com perda de mais de 100 arrobas por hectare, e outras com apenas de dez. Na média, estimamos perda de 25 a 30 arrobas em capulho por hectare no algodão nessa safra. Cada arroba custa em torno de 25 reais. É um prejuízo grande. Infelizmente, nós fomos contemplados com uma das piores pragas do século – afirma Breda.