Produtores buscam soluções para armazenagem, um dos principais gargalos logísticos

Safra de grão deve ser recorde no país, mas deixa evidente dificuldades para escoar e armazenarSegundo o último levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a safra de grãos deve ser recorde e chegar a 184 milhões de toneladas, uma alta de 10,8% em comparação com a safra passada. O que, por um lado, é uma ótima notícia para o país, por outro deixou evidentes as dificuldades para escoar e armazenar os grãos.

Dados da Conab mostram que a capacidade dos silos e armazéns em todo o país chega a 148,3 milhões de toneladas. Segundo indicadores internacionais, deveria haver espaço para estocar 220 milhões de toneladas de grãos. Mesmo sendo um dos maiores produtores do mundo, o país não tem dado muita importância para o assunto.

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– Hoje a nossa entrega está num raio de 10 a 15 quilômetros próximos da cooperativa e isso favoreceu muito a nossa comercialização, o nosso transporte e nosso mercado, que nos oferece segurança. Temos essa tranquilidade em termos de armazenamento e de comercialização – comenta o produtor.

Na cooperativa Coplacana é possível armazenar uma grande quantidade de grãos: são cerca de dez silos, totalizando mais de quinhentas mil sacas. O cooperado pode deixar a produção nos silos por até um ano.

A Coplacana funciona desde 2008. São cerca de 100 cooperados da região que utilizam o recurso para planejar a venda de toda a produção. Para a construção dos silos, a empresa gastou cerca de R$ 9 milhões. Nos próximos dois anos, pretende construir outros dois silos com capacidade para mais 100 mil sacas.

– Tudo começa desde o planejamento da soja e do milho, que acontecer em julho e agosto, quando o produtor vai fazer o plantio de verão. Ele pode optar por utilizar o crédito rural, fazer pagamento à vista ou ferramenta de mercado como a BM&F. Ou liquidamos o contrato quando acordados. O produtor ainda tem a opção de fazer a venda no momento, spot na época da colheita ou armazenado até o final do ano, e a qualquer momento ele pode vender qualquer quantidade que queira pelo preço de mercado praticado no momento – comenta Klever José Coral, superintendente da Coplacana.

Outra cidade do interior paulista, Cândido Mota, a 428 quilômetros da capital, não tem problemas com armazenagem. Em 2002, o produtor Adriano Mânfio investiu na compra de dois silos, cada um com capacidade para quarenta mil sacas. Um investimento alto de mais de R$ 1,5 milhão, financiados por uma linha de crédito do governo federal e pagos em seis anos. Segundo Mânfio, o lucro aumentou com a armazenagem do produto.

– Antes do silo eu tinha que agregar caminhões na hora da colheita. Com esse problema logístico que sempre teve no Brasil e também na hora da colheita, problemas de fila na hora da descarga, o frete é alto e onera bastante a produção. Nesse ponto, o silo ajuda bastante porque meus caminhões fazem o serviço aqui e eu nunca mais precisei pagar frete depois que eu construí essa unidade – comenta Mânfio.

Para incentivar os investimentos em armazéns, o governo federal liberou R$ 25 bilhões no Plano Agrícola e Pecuário 2013/2014. As taxas de juro são de 3,5% ao ano. A partir de julho, o produtor já vai conseguir dar entrada na documentação para acessar os recursos.

– Temos hoje um déficit de mais de 40 milhões de toneladas e o programa contempla em cinco anos a construção de 65 milhões. Por que 65 milhões? Por que nós temos uma projeção futura de uma produção muito grande principalmente no Centro-Oeste e no Norte do país. Toda a produção vai ser beneficiada. Quando resolvermos o problema de armazenagem, vai resolver um gargalo grande na produção, que vai dar ao produtor a tranquilidade de armazenar – comenta Neri Geller, secretário de políticas agrícolas do Ministério de Agricultura e Pecuária (Mapa).

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