O presidente do Instituto Pensar Cacau (IPC), Águido Muniz, informa que o preço de custo da arroba de cacau importada, em especial de Gana, maior fornecedor do Brasil, é mais elevado do que o nacional, em uma relação de R$ 82,00 para R$ 58,00.
“Não conseguimos entender a posição da indústria brasileira, uma vez que o cacau produzido aqui não apenas é de melhor qualidade como também mais barato”, afirma Muniz, em comunicado.
Em 2012, o Brasil importou 68 mil toneladas de cacau, quando a necessidade era de apenas 38 mil para complementar a oferta interna, informa o IPC. Estima-se que o Brasil tem hoje capacidade instalada de moagem de cerca de 220 mil toneladas por ano de cacau. O país está a apenas 10 mil toneladas de alcançar plena capacidade, o que deve ocorrer ainda este ano.
O presidente do Instituto Cabruca, Durval Libânio, que também participa do movimento, comenta que o setor depende de informações para realizar projeções de oferta e demanda pelo produto. Segundo ele, a cadeia produtiva já solicitou ao Ministério da Agricultura providências, especialmente a previsão de safra da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), “mas as ações ainda não foram tomadas”.
Para Libânio, a competição dos produtores nacionais com os africanos é desigual. Ele diz que existem diferenças fundamentais, que passam desde custo com mão de obra até a legislação trabalhista e ambiental. Ele ressalta que a importação de cacau também eleva o risco de introdução de pragas e doenças de outros países no Brasil. Em 2012, importações da Costa do Marfim foram suspensas porque o país africano não estava disposto a arcar com os custos de controle fitossanitário adequado para internalizar o produto no Brasil.