O gerente agrícola da maior produtora de cana da Bahia, Ademário Araújo, acredita que vai trabalhar no prejuízo se o novo Código não for votado. A fazenda é a primeira no país a produzir cana através de irrigação, utilizando as águas do rio São Francisco, no norte baiano.
A propriedade já possui 200 metros de área de preservação permanente (APP), mas de acordo com o Código Florestal vai ser necessário disponibilizar mais 300 metros para se enquadrar, o que é questionado por ele.
Com a aplicação do Código, a propriedade vai perder cerca de 250 hectares, o que representa um grande impacto para a empresa. Esta área produziria 25 mil toneladas de cana, o que representa 3, 125 toneladas de açúcar ou 85 milhões de litros de etanol. Uma perda equivalente a R$ 5 milhões.
Prejuízo para empresa e para os trabalhadores. 50 empregos diretos deixarão de ser gerados. Todo o sistema de irrigação e os canais de alvenaria que ficam na área serão perdidos.
O gerente reclama, também, da falta de atenção. Além da área de reserva e das APP’s, a empresa já possui um programa de enriquecimento da área preservada, com a implantação mudas nativas, como o umbuzeiro, o jenipapo e o mulungu. Ao todo, o viveiro possui 21 espécies.
Eliana Oliveira é responsável pela produção das mudas e pelo projeto de reflorestamento, que é feito pelos próprios funcionários em períodos de entresafra. Segundo ela, nos períodos de chuva, os funcionários são deslocados para o reflorestamento.
A preocupação não é apenas dos produtores de cana. Ivan Pinto produz uva de mesa e é presidente do Instituto da Fruta do Vale do São Francisco, que debate os problemas da fruticultura na região do vale. Seu maior receio é que se a reforma do Código Florestal não for aprovada, o produtor pode passar por uma crise e até inviabilizar a produção.