O chamado Carnaval Vermelho do MST resultou na invasão de dezenas de fazendas em São Paulo e Pernambuco. Em Brasília, lideranças do campo caracterizaram a ação, liderada por José Rainha Júnior, como uma agressão ao estado de direito e manifestaram apoio às declarações de Gilmar Mendes, que defendeu uma fiscalização rigorosa sobre a origem dos recursos que financiam o movimento.
? É uma voz que se levanta e resulta em alerta geral para as elites dirigentes e a própria sociedade, para o contribuinte, no sentido de se verificar as aplicações de recursos públicos que são gerados pela sociedade ? disse o vice-presidente da Federação de Agricultura do Distrito Federal, Antônio Mazurek.
De acordo com levantamento elaborado pela ONG Contas Abertas, só no ano passado o governo federal repassou aproximadamente R$ 43 milhões para três entidades ligadas ao MST. Iterra, Anca e Concrab funcionariam como braços financeiros do movimento, que juridicamente não existe.
Mas a fonte de recursos pode ser ainda maior. Só em 2008, o Ministério do Desenvolvimento Agrário transferiu a instituições privadas sem fins lucrativos quase R$ 222 milhões.
? Nós sabemos de algumas entidades que assumidamente o compõem, mas presume-se que outras entidades possam eventualmente estar recebendo recursos públicos e repassando para outras finalidades que não aquelas que deveriam ser usadas em convênios entre o Ministério, Incra e a entidade sem fins lucrativos ? afirma Gil Castelo Branco, da Contas Abertas.
Para o professor de Agronomia da Universidade de Brasília (UnB) Flávio Botelho, com o governo Lula o MST tem deixado de lado a bandeira da reforma agrária.
? Eles estão entrando contra transgênico, multinacional, contra a transnacional que é a Vale [do Rio Doce], estão procurando outros objetivos políticos que não aquele especialmente que os motivava a se organizar, o acesso à terra.
Em nota, o ministro da Justiça, Tarso Genro, disse que as violações de propriedades privadas são de responsabilidade dos Estados e que fiscalizar os repasses de recursos da União aos movimentos sem-terra cabe à Controladoria Geral da União e ao Tribunal de Contas.
Nesta sexta, dia 27, a Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) também se manifestou pedindo atenção do Congresso Nacional, do Ministério Público e da sociedade brasileira para a concessão de dinheiro público a entidades que promovem invasões ilegais de propriedades públicas e privadas.