Parceria entre Executivo estadual e produtores de Campos de Júlio (MT) asfaltará a principal via para escoamento da produção local, mas somente a parte paga pelos agricultores está pronta
Fernanda Farias | Campos de Júlio (MT)
Em Campos de Júlio, município ao norte de Mato Grosso, produtores rurais fizeram uma parceria público-privada com o governo estadual para asfaltar a principal estrada da região. O problema é que a obra no trecho de responsabilidade do poder público ainda não foi feita.
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Na rodovia MT-388 é que a produção de 20 fazendas da região de Linha Alto Juruena é escoada. São 50 mil hectares, responsáveis por boa parte dos 570 mil toneladas de soja produzidos pelo município.
Durante a época da colheita, quando o volume de chuva é maior, o transporte da soja das lavouras por este trecho é praticamente impossível sem o caminhão atolar. Chega a ter cerca de 20 veículos atolados em um mesmo trecho. Para retirar o caminhão, só com ajuda de tratores.
– Os caminhões ficam parados dois, três dias por causa da chuva nessa época e atrasa a chegada dos insumos para a nova safra. Também atrasa a saída do produto para o destino final – comenta o gerente de fazenda Marcos Storch.
Atrás de uma solução, os produtores se uniram e pagaram do próprio bolso o asfalto de 33 dos 65 km da rodovia. Um custo de R$ 550 mil o km, equivalente a R$ 300 reais por hectare plantado, ou R$ 18,1 milhões.
– A dos produtores está quase terminando. Falta o governo fazer a parte dele, que está sendo prometida há três anos – protesta Storch.
Os produtores cobram, também, a aplicação do Fundo Estadual de Transporte e Habitação (Fethab), criado em 2000. A contribuição obrigatória é de cerca de 2% da safra.
– O dinheiro do Fethab não tem vindo, foi criado para as estradas e nesses dois anos foi usado para obradas da Copa do Mundo em Cuiabá. Hoje nós pagamos R$ 11,00 a tonelada de soja para Fethab, uma parte desse dinheiro tinha que ficar uma parte dele para a região, onde ele é produzido – pede o produtor rural Luiz Tatim.
O caminhoneiro José Aparecido da Silva já sofreu com as consequências da deficiência das rodovias da região. O caminhão carregado de adubo não chegou ao destino porque a estrada por onde ele passa fica intransitável em dias de chuva.
– A gente faz muito (frete por) Mato Grosso e Rondônia. E é sempre assim, quando está chovendo, tem barro e difícil acesso. O rapaz vai puxar para sair do atoleiro, mas vai ter que sair para trás porque na frente tem mais caminhão atolado – reclama.
Campos de Júlio é um município que tem investindo na agricultura de precisão. O presidente do Sindicato Rural da Cidade, Sérgio Barbieri, afirma que o investimento já tem alguns anos e que o produtor pretender apostar mais em tecnologia.
– Tem produção, tem terras boas, tem terras que não eram boas e que, com a correção de solo, estão ficando produtivas. O produtor está fazendo a parte dele, o que falta é infraestrutura, que nós estamos muito mal – afirma Barbieri.
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