Em Mato Grosso as comercializações estão mais lentas que o normal para o período, mesmo com preços melhores, sojicultores não conseguem aproveitar
Pedro Silvestre, de Campo Novo dos Parecis
Se no campo o clima tem favorecido para o bom desenvolvimento das lavouras, da porteira para fora as vendas futuras não seguem o mesmo otimismo. As variações cambiais e o tabelamento do frete tem provocado muitas dúvidas sobre a rentabilidade dessa safra.
Após uma estiagem de dez dias, a chuva voltou para as lavouras que o produtor Adelson Gilberto Schreiber ajudou a cultivar no município de Diamantino (MT). A água trouxe alívio ao técnico agrícola, que estava com os trabalhos de plantio paralisados por falta de água.
“Esses últimos dias estavam bem racionadas as chuvas. De dez dias para cá não chegou a 30 milímetros o acumulado. Só que de repente, em um único dia, tivemos talhões com até 60 milímetros e pudemos dar continuidade aos trabalhos”, diz Schreiber.
Os trabalhos na fazenda de Erny Parisenti estão na reta final e nesta safra a soja vai ocupar cerca de 23,5 mil hectares. O curto período de escassez hídrica não comprometeu o otimismo com a safra. A perspectiva do agricultor é de uma boa produtividade.
“Estamos caprichando muito no tratamento de sementes. Aumentamos os investimentos nisso e estamos trabalhando em cima de adubação também, com calcário e gesso, colocando mais fósforo e potássio na terra, para ter uma produtividade maior. Esperamos colher em média esses 60 sacos”, conta Parisenti.
Quanto à comercialização, o agricultor negociou com antecedência 60% da safra, para garantir os custos de produção. O restante só será vendido quando o mercado melhorar. “Demos uma paradinha, devido uma baixada nos preços futuros, com essas mexidas em dólar”, diz o agricultor.
O mercado também tem preocupado os agricultores de Campo Novo do Parecis. Nesta safra, as vendas futuras estão mais lentas do que no mesmo período do ano passado. Segundo o presidente eleito do Sindicato Rural do município, Antônio César Brólio, não há perspectivas de que isso mude tão cedo.
“Depois do tabelamento do frete, o mercado esfriou e está difícil para a gente. Hoje, negociamos algo em torno de 30%, muito pouco para a época. No ano passado, nessa mesma época, já estávamos em torno de 50%. A gente vê isso com muita preocupação e incertezas futuras, já que as tradings pararam de comprar também”, afirma Brólio.