O município fica a 70 quilômetros de Belo Horizonte, numa região montanhosa. A cidade vai subindo as encostas, num jeito urbano de se expandir. Um contraste com a realidade de quem tenta se manter no campo. O produtor de leite José Reis, que está completando 80 anos de idade, foi multado em mais de R$ 4 mil porque transformou árvores secas que estavam apodrecendo no pasto em lenha.
? Uma lenha muito velha. Eu tirei para aproveitar, senão ia perder. O povo carrega e perde tudo. Eu aproveitei e amontoei na frente da casa, aí eles me denunciaram. A polícia veio e me multou ? lamenta o produtor.
Para encerrar o processo, além da multa, teve a liberdade restrita por 24 meses e só podia sair de casa durante o dia.
? Eu sou muito caseiro. Não saio nem bebo, mas e se eu gostasse de sair? Onze horas você tem que estar em casa até as cinco horas da manhã. E eu cumpri dois anos. Foi muito difícil ? conta José Reis.
Mais de cem agricultores em Pará de Minas sofreram esta penalidade e foram obrigados a ficar em casa durante a noite. A situação começou a mudar depois de uma audiência em 2009, que reuniu mais de mil produtores rurais junto com o Ministério Publico. O debate esquentou e passou a ser referência para os processos ambientais.
No encontro, o presidente do Sindicato Rural de Pará de Minas, Eugênio Diniz, já havia criticado a legitimidade das ações.
? Será que esta polícia ambiental tem diploma para chegar na propriedade de qualquer produtor e falar que nós somos criminosos ambiental? ? reclamou.
Na ocasião, o promotor de Justiça Delano Azevedo Rodrigues defendeu a aplicação da lei.
? A polícia militar não faz nenhuma ação que não seja respaldada em lei. O Ministério Público não pode deixar de aplicar uma lei, simplesmente porque eu acho que não deve ser aplicada ? disse.