Produtores devem se preparar para extremos climáticos

Pesquisadores se reuniram em Brasília (DF) para elaborar diagnóstico do clima no país para os próximos três mesesO chamado veranico está preocupando os produtores rurais do Centro-Oeste. O fenômeno é comum em janeiro, mas não costuma passar de 10 dias. Neste ano, a falta de chuvas já dura o dobro do tempo e deve se prolongar por mais 15 dias, de acordo com previsão de pesquisadores do clima.

O grupo de trabalho em Previsões Climáticas do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), se reuniu em Brasília (DF) nesta sexta, dia 16, para elaborar um diagnóstico do clima no país para os próximos três meses. De acordo com os especialistas, a área mais prejudicada é a que fica ao leste da região Centro-Oeste, o que inclui o Distrito Federal, o sudeste de Goiás e o norte de Minas Gerais.

– Basicamente, pra chover, precisa que a umidade que está perto da superfície seja levada para altos níveis da atmosfera, e o fato do ar estar com alta pressão, estar mais denso, mais pesado, ocorre o contrário. O ar mais seco da altura, dos altos níveis, está sendo jogado para baixo, para a superfície e isso inibe a formação das nuvens e, portanto, da precipitação – explica o pesquisador do Centro Nacional de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais Marcelo Seluchi.

O secretário de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento do MCTI, Carlos Nobre, afirma que é possível começar a estimar o impacto na agricultura e na produção de grãos. 

– Todas as culturas que tiverem o período de enchimento de grãos durante esse período do veranico vão sofrer, sem dúvida – diz Nobre.

Os pesquisadores temem relacionar os fortes veranicos de janeiro no Centro-Oeste ao aquecimento global, mas deixam um alerta: os extremos climáticos e fenômenos raros vão se tornar cada vez mais comuns no Brasil e os agricultores do país vão ter que se planejar se quiserem continuar tendo bons resultados na lavoura.

– O que o setor agrícola tem que estar preparado é que a variabilidade do clima, eu quero dizer assim, os extremos, vão se tornar mais frequentes. Então, fenômenos muito raros no passado vão se tornar mais frequentes, isso é para os dois lados, para o lado seco, para o lado quente, para o lado chuvoso. A agricultura como um todo, a partir do presente, ela tem que se preparar para cada vez mais no futuro ter uma agricultura resiliente, uma agricultura que consiga se planejar pra enfrentar esses extremos climáticos – indica Nobre.

semiárido da região Nordeste também sofre com a seca e, por lá, a previsão dos pesquisadores é que o nível de chuvas fique abaixo do normal durante fevereiro, março e abril deste ano.

– Dado a antecedência, esperamos que essa informação permita a orientação de políticas, de ações que evitem a emergência, evitem a coisa acontecer em última instância – finaliza o pesquisador.