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Em dezembro, choveu 109 milímetros em dois dias, água suficiente para inundar qualquer localidade. No município, nenhum tipo de cultura escapou da força da enchente. Fazendas inteiras ficaram embaixo d’ água. O produtor Walter Manhães de Andrade Júnior conta que estava na propriedade com os pais e com os empregados quando o Rio Doce transbordou. Ele conta que a produção diária, na época, chegava a dois mil litros de leite. O produtor perdeu mais de 50 bezerros que morreram afogados. Além disso, os resfriadores ficaram inutilizados, a pastagem não resistiu e os animais que conseguiram escapar foram realocados em áreas que ele precisou arrendar às pressas.
– Hoje dependo de recurso financeiro para que eu possa bancar este gado. Preciso replantar isto e meu maquinário não está bom. Estou com as mãos atadas e impossibilitado de trabalhar. Além de eu estar na situação financeira muito debilitada, pois é muito alto o custo deste rebanho todo fora. Hoje tenho um custo que, dependendo da categoria, fica entre R$ 15 a R$ 30 ao mês. Se você contabilizar 1.400 cabeças espalhadas em 11 áreas distintas em um raio de 120 km, dá para ver que a situação está difícil – salienta Andrade Júnior.
A recuperação na fazenda é lenta, a produção de leite recomeçou, mas em quantidade bem menor do que era. Segundo Andrade Júnior, o maquinário continua comprometido. Dois tratores estão estragados e outros dois funcionam de maneira precária.
– Estou impossibilitado de replantar o pasto, estou precisando formar comida para minha vacada e estou com dois tratores impossibilitados. Um tá desmontado e o outro entrou água no motor, estou aguardando liberação, os outros dois precariamente trabalhando, não sei até onde vão aguentar – desabafa o produtor.
Andrade Júnior conta que ainda pagava parcelas de um empréstimo, e precisou fazer mais um de R$ 210 mil. O problema dele também se estendeu para outros pecuaristas da região.
– A geografia do município é muito plana e nós temos o Rio Doce que passou muito do limite e inundou tudo. Hoje a recuperação de pastagens no Espírito Santo está sendo um trabalho muito grande para os produtores rurais. Ficamos 40 dias submersos. A pastagem, quando volta, parece que pegou fogo. A recuperação está sendo bem rápida e graças ao trabalho muito grande dos produtores de Linhares – diz o produtor Zezinho Boechat.
A cultura do mamão, tradicional no Estado, que é o segundo maior produtor do Brasil, também foi duramente atingida. Aproximadamente 25% foi perdido.
– A chuva foi prejudicial ao cultivo do mamão, pois a raiz é exposta no terreno. Então, atrapalha a respiração e a planta morre. Tivemos uma perda em torno de 25% a 30% das lavouras implantadas no Estado – lembra o produtor, Bruno Pessotti.
Outras lavouras como café, banana e côco também foram prejudicadas. No início de abril, a Granexponorte, maior feira regional do Estado, teve também a missão de mobilizar e reorganizar o setor que, aos poucos, vai respirando novamente.
– A ideia é reorganizar a casa e seguir em frente, por isto ampliamos o setor de máquinas agrícolas e implementos agrícolas. Na feira pode visitar os estandes e também colocamos como novidade as áreas demonstrativas. Ele pode ver a demonstração do equipamento e do maquinário que deseja comprar. Já sai com todas as suas dúvidas sanadas e já pode fazer uma boa aquisição e utilização na sua propriedade – salienta o secretário de Agricultura de Linhares, José Roberto Macedo Fontes.
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