Durante a passagem da Caravana Soja Brasil no estado, os agricultores já admitem produzir menos por causa do excesso de chuvas, que impede o final do plantio
Roberta Silveira | Guarapuava (PR)
Começou nesta terça, dia 8, a Caravana Soja Brasil pelo Paraná e a primeira parada foi na região centro-sul do estado, em Guarapuava. Os produtores do município já preveem quebra de safra por causa do excesso de chuva, que atrapalhou o plantio e outros tratos culturais.
• Saiba tudo da Caravana Soja Brasil no Paraná
Qualquer dia sem chuva no município é muito bem-vindo pelos agricultores. No mês de novembro, praticamente todos os dias tiveram pancadas de chuva. Foram 370 mm acumulados e somente quatro dias de sol. Com isso, o plantio de soja segue atrasado, faltando 5% da área, quando o normal era a semeadura estar concluída. E quanto mais os dias passam, menor é o potencial produtivo da lavoura.
– Eu não acredito em uma safra extremamente grande. Nós estamos tendo um excesso muito grande de chuva e a gente não sabe como a planta vai se comportar. Eu acredito que nós podemos ter uma boa safra, mas não uma grande safra – avalia o presidente da Associação dos Produtores de Soja do Paraná (Aprosoja-PR), José Sismeiro.
• Artigo: Panorama do início de safra em Mato Grosso
Muitos agricultores deixaram o trabalho de lavoura por algumas horas de lado para prestar atenção na fala dos especialistas. No dia de capacitação, oferecidos pelo Canal Rural, Aprosoja-PR e seus parceiros, clima e mercado da soja foram os principais assuntos tratados. O público que compareceu ao Sindicato Rural de Guarapuava anda preocupado.
– O El Niño está trazendo este excesso de chuvas e isso vai continuar. A tendência é que as chuvas diminuam de intensidade a partir de fevereiro ou março de 2016 – prevê o meteorologista do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) Luiz Renato Lazinski.
Mercado
Além da preocupação com a produtividade, o mercado da soja também interessa aos agricultores. Principalmente em um momento de indefinição política e econômica, que faz a cotação da oleaginosa oscilar muito.
– É uma atividade que já traz um risco grande por causa do clima. Esta variável de preço que estamos acompanhando não deveria ocorrer como está acontecendo – afirma o agricultor Edson Lustoza Araújo.
• Entenda como funciona o comércio da soja
O cenário é mais instável quando a renda do produtor está dependendo do dólar. O consultor Flávio França Junior projeta que, caso ocorra o impeachment da presidente Dilma Rousseff, a tendência é de queda na moeda norte-americana.
– Para quem está apostando vender a soja em um câmbio de R$ 4,00, R$4,50… pode ser um grande risco. A ideia é ficar atento, acompanhar muito as informações políticas e econômicas nesta semana. Se tiver flutuações, aproveitar. O importante é fazer uma média para garantir o lucro – orienta o analista.
Capacitação
Em uma safra de incertezas, ter informação pode ser o grande diferencial para o sucesso. Por isso, o Sindicato Rural da cidade aproveitou a passagem da Caravana Soja Brasil para promover uma feira agropecuária. A troca de conhecimento é importante para que todos saiam ganhando ao final do ciclo.
– O que nós temos visto é que, cada vez mais, os produtores e seus familiares estão correndo atrás destas informações de novas tecnologias e agregando ao seu trabalho e ao seu sistema produtivo. Cada vez mais o agricultor precisa gerenciar melhor a propriedade. As margens estão apertadas e a gestão do negócio é importante – explica o presidente do sindicato, Rodolpho Werneck.
Veja a reportagem: