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Produtores em fase de certificação já comercializam orgânicos no ES

Instituições públicas ligadas à agricultura familiar têm ampliado os canais de comercialização por meio de feiras tanto para produtores já certificados, quanto para os que estão em processo de certificação

Fonte: MDA/Divulgação

Consumir alimentos cultivados e produzidos sem o uso de agroquímicos tem se tornado uma prioridade para muitos brasileiros em busca de mais qualidade de vida. Assim, a demanda por produtos orgânicos cresce na medida em que também cresce a escolha dos agricultores por esse tipo de sistema. 

No Espírito Santo, para incentivar ainda mais esta opção, as instituições públicas federais e estaduais ligadas à agricultura têm ampliado os canais de comercialização por meio de feiras tanto para os produtores já certificados como para os que estão em processo de certificação, ação que pode levar cerca de dois anos. 

As chamadas Feiras Agroecológicas acontecem em shoppings da Grande Vitória – formada pelos municípios de Cariacica, Fundão, Guarapari, Serra, Viana, Vila Velha e a capital capixaba – com a participação de agricultores familiares oriundos de todas as partes do Estado e fazem parte do Programa de Fortalecimento da Agricultura Orgânica, coordenado pela Secretaria de Estado da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca (Seag). 

Entre os alimentos vendidos estão frutas como banana, morango, coco, mamão, jabuticaba, além de hortaliças de todos os tipos, grãos, legumes e até mesmo produtos da agroindústria como pães, bolos, biscoitos, iogurtes e geleias. 

O delegado Federal de Desenvolvimento Agrário do Espírito Santo, Aureliano Nogueira da Costa, que representa a Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário (Sead) no estado, explica que os produtos agroecológicos são aqueles cultivados sem o uso de agrotóxico, dentro de um processo de transição do sistema convencional para o orgânico. Costa ainda reforça que o conceito da agroecologia é maior do que a ideia do orgânico e que os produtores das feiras são orientados e acompanhados por técnicos do Instituto Capixaba de Pesquisa Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) quanto às boas práticas de produção e a outras ações sustentáveis. 

“A agroecologia é a ciência. Quem adere a ela trabalha a proteção das nascentes, a conservação dos solos, a produção diversificada, como uma alface que cresce ao lado de uma couve e de outras coisas que dão equilíbrio ao sistema. É todo o processo sustentável, que também engloba a não utilização de agrotóxicos. Assim nós garantimos a qualidade de vida dos produtores e também dos consumidores, que nessas feiras têm a oportunidade de conhecer de perto quem produz mais de 70% dos alimentos que vão para a mesas dos brasileiros: o agricultor familiar”, explica. 

Certificação

A certificação dos produtores orgânicos no Espírito Santo acontece por meio da auditoria de uma certificadora (pública ou privada) ou por meio de uma Organização Controle Social (OCS) submetida a uma comissão composta por instituições ligadas à agricultura, um processo que leva em torno de um a dois anos. Nesse período, é comum agricultores que ainda não conseguiram o selo de orgânico venderem seus alimentos como produtos convencionais. 

Segundo dados da Seag, no Espírito Santo, 300 produtores rurais já possuem a certificação orgânica. Em torno de 1.300 não utilizam produtos químicos nas lavouras, e outros 300 estão em fase de transição (saindo do cultivo tradicional e adotando as práticas de agroecologia). Juntos, estes produtores (certificados e em transição) colhem cerca de 12.800 toneladas por mês. Os produtos mais cultivados são frutas e olerícolas.

O agricultor Jeferson Strey Arnholz, de 30 anos, é um dos que estão na fase final da certificação. Morador da comunidade de Alto Santa Maria, no município capixaba Santa Maria de Jetibá, ele produz em sua propriedade temperos, chás, milho, feijão, além de legumes como pimentão, abóbora, jiló, berinjelas, batatas e outros que são comercializados na feira agroecológica de um dos Shoppings de Vitória. 

“Eu e outros agricultores estamos tendo a chance de engrenar nossas produções, fazer nosso movimento, vender nossos produtos. Antes nós tínhamos que esperar cerca de dois anos para isso acontecer”, conta o agricultor.

A opção por cultivar alimentos orgânicos surgiu após desistir do último trabalho desenvolvido numa cidade, em que ele lidava diretamente com agroquímicos. “Eu fui percebendo que estava começando a passar mal quando voltava do trabalho, sentia dor de cabeça, pensei que não queria aquilo para mim. Eu já tinha a minha roça, mas eu não investia nela, aí surgiu uma oportunidade de mexer com a agroecologia e eu decidi arriscar. Você faz o trabalho com saúde para sua família e também para a família dos outros”, relata o produtor. 

Oportunidade

Para participarem das feiras agroecológicas, os agricultores em transição precisam ser assistidos por uma instituição de assistência técnica e extensão rural, como cooperativas, associações, além de órgãos públicos como o Incaper, que atestem a condição orgânica dos alimentos produzidos e possam junto à Seag avaliar a possibilidade da participação. Quando já certificados, os produtores podem procurar as mesmas entidades para expressar o desejo de participar.

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