Em reunião com o secretário executivo do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa, esses setores pediram a devolução mais rápida de crédito de PIS/Cofins e linhas de financiamento para capital de giro. Camargo Neto disse que o tempo de devolução dos créditos varia de dois a três anos, podendo chegar a cinco anos no caso dos créditos mais antigos.
– É a maior seca dos Estados Unidos em 50 anos e é a primeira vez que tem impacto no Brasil – afirmou.
Ele disse que o aumento do custo certamente terá de ser repassado ao consumidor em algum momento. O presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), Carlo Lovatelli, disse que o setor assegurou ao governo que não vai ter problema de fornecimento do farelo de soja ao frigorífico, mas destacou a importância da liberação dos créditos de PIS/Cofins retidos pela Receita Federal.
– Esse crédito é nosso e queremos que seja incrementado um fast track na devolução – declarou.
Lovatelli disse que o setor garante que a matéria prima ficará no Brasil, embora as exportações estejam indo muito bem.
Ele informou que o problema maior está sendo enfrentado pelas pequenas indústrias de processamento, que são as que mais sofrem com o aumento do custo da matéria-prima. Segundo ele, por causa da seca nos Estados Unidos haverá uma “perda estupidamente grande” da produção americana e que por conta disso o Brasil deve ultrapassar os Estados Unidos na produção de soja.
Já o diretor de Mercado da Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frangos (Ubabef), Ricardo Santin, declarou que o aumento no custo da produção de frango foi em torno de 30%. Ele disse que o maior problema é na soja, mas que também houve aumento do preço do milho. Segundo ele, o setor é muito intensivo em mão de obra e que, se houver uma queda na produção por causa do aumento do custo dos insumos, poderá haver desemprego no setor. Ele disse que 3,5 milhões de pessoas são empregadas diretamente pelo setor.
Além da devolução de créditos, Santin acredita serem necessárias linhas de crédito emergenciais para dar fluxo de caixa às empresas. Segundo ele, o setor tem um ciclo curto, ou seja, um frango fica “pronto” para o abate em 45 dias e a empresa já precisa logo depois desse prazo comprar novos insumos. Segundo ele, no início do ano, a tonelada de soja variava entre R$ 650,00 e R$ 700,00. Agora gira em torno de R$ 1,3 mil a R$ 1,4 mil. Já o milho, segundo ele, a saca está em torno de R$ 30,00 a R$ 35,00, enquanto deveria estar custando entre R$ 23,00 e R$ 26,00.