? Resolvemos trabalhar por conta e estamos querendo melhorar pelo resultado que temos visto nas outras fazendas ? diz Teixeira.
Quando decidiu fazer o curso sobre planejamento e administração de uma propriedade de leite, o produtor procurou o sindicato rural do município onde mora e fez a inscrição. Agora, ele está na sala de aula.
? Nós passamos o projeto por completo, procurando sensibilizá-los da necessidade de se trabalhar com planejamento, administração e uso de tecnologia ? explica Francisco Nogueira, instrutor do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar).
No interior, esta é a maneira mais eficiente de convidar os produtores a se profissionalizarem: o sindicato anuncia na rádio e aí basta o produtor ir até lá e fazer a inscrição. O locutor agora está anunciando um curso de tratorista em Guairá, no interior de São Paulo. Pelo interesse dos produtores, vai faltar vaga, o que não deixa de ser um bom sinal.
? É bem interessante, principalmente agora. Nós temos aí produtores, as usinas que, na hora de contratar o pessoal da parte agrícola, de tratores, está solicitando pessoas que já participaram do curso. Então, é muito aproveitável o curso neste sentido, de qualificar a mão de obra pra prestar um bom serviço ? disse Nilda Pereira, coordenadora de cursos do Senar.
Boa parte das aulas do curso de tratorista é assim, na prática.
O instrutor do Senar Luiz Carlos Figueiredo diz que, quando se trata de um negócio profissional, do nível de uma empresa mesmo, não é só a técnica que conta.
? É conhecer a máquina e a tecnologia que nós temos que empregar para baratear custos. O que nós temos que pensar no nosso Brasil é custo. O nosso custo está alto. E nós não estamos sabendo usar as máquinas. Eu passo de tudo para eles: como conhecer a máquina, como trabalhar, como operar a máquina e como dar manutenção, além de como reduzir custos ? diz Figueiredo.
Os cursos não são apenas para homens. No curso de tratorista, há 16 alunos, e metade da turma é formada por mulheres. Regiane Brito está aprendendo a lidar com o arado no trator. Ela espera garantir um emprego como tratorista este ano e, quem sabe, um pouco mais depois.
O produtor rural Paulo Girardi já tem a sua fazenda. Ele diz que se tornou empresário depois que se especializou. Ele produzia leite com dificuldade, tinha mais despesas do que lucro. Aí procurou orientação, mudou o sistema de manejo e de alimentação das vacas e triplicou a produção. De 100 litros por dia com 14 vacas, já chegou a tirar 300.
Além disso, ele reduziu custos. O empresário não gasta mais com ração no coxo. Os animais agora ficam em piquetes, quase escondidos na fartura de pasto que ele aprendeu a cultivar.
Para a turma de Ricardo Teixeira, Girardi é um exemplo do que é possível, necessário e gratificante, tanto pra grandes quanto para pequenos e futuros empresários rurais.
? Eu estou me achando empresário porque a gente tem tudo na mão e a gente está aprendendo a mexer do jeito certo. Então, a gente mexendo do jeito certo vai se valorizar ? conclui Ricardo Teixeira.