Produtores investem no silo-bolsa nas lavouras de Mato Grosso

Dificuldade no acesso ao crédito para construir um armazém e falta de espaço nos já existentes obrigam agricultores do Estado a utilizarem os silos de plásticoA falta de espaço em armazéns já existentes e a dificuldade no acesso ao crédito para que se construa um fazem da armazenagem um dilema para os produtores rurais de Mato Grosso. Principalmente para os agricultores que cultivaram milho segunda safra já pensando na soja. O dinheiro para a construção de armazéns, que foi uma das principais novidades do último Plano Safra, é de difícil acesso, a burocracia é a principal barreira para os produtores.

Para não deixar o cereal que já foi colhido correndo riscos a céu aberto, a alternativa encontrada por alguns produtores foi investir por conta própria ou buscar outra solução mais viável, utilizar o silo bolsa, que cada vez mais vem ganhando espaço entre os produtores mato-grossenses.

Nesta segunda safra de soja, o agricultor Silvésio de Oliveira reduziu a área plantada e não investiu em alta tecnologia. Segundo ele, a produtividade continuou boa e ficou acima das 100 sacas por hectare. Ele comercializou antecipadamente apenas 20% dos grãos, ao valor de R$14,00. Para vender o restante, Oliveira preferiu esperar por preços melhores e comprou silos-bolsa, ou silos bag, para dar conta do que foi colhido em seus 1400 hectares.  Era a única alternativa encontrada para não ter que pagar aluguel de armazém ou ter que vender o produto a preço mais baixo.

– O silo bag tem se apresentado como uma solução viável. É um armazenamento provisório, mas é algo que funciona e só tem um custo inicial, que á compra do silo. Depois disso, você pode deixar o produto lá por seis, sete, oito meses sem problema nenhum. Sem armazém, chega um momento que você se sente pressionado a vender, aí o produtor fecha no prejuízo, sem margem de lucro – explica o produtor.

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Para fugir dos problemas de armazenagem, Silvésio de Oliveira investiu R$500 mil por conta própria na construção de um armazém com secador. A obra está quase no final. A capacidade do silo chega até 30 mil sacas. O produtor buscou os recursos anunciados no último Plano Safra, mas, segundo ele, a burocracia dificultou o acesso ao crédito.

– A gente vê o empenho do ministro, mas no meio do caminho nós vemos a velha burocracia, os velhos impedimentos, a gente vê que as coisas não se materializam para o produtor, que não tem este dinheiro na velocidade e no volume que é necessário para amenizar o problema, que são idênticos aos que nós tínhamos em 2012, 2013, 2011, 2010 e em outros anos – lamenta Oliveira.

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E Silvésio não é o único a enfrentar este problema. A Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso já recebeu várias reclamações e está fazendo um levantamento para cobrar providências do governo federal.

– Nós estamos recebendo bastante relato de produtores, que tem tentado acessar os recursos destinados para as linhas de armazenagem e, infelizmente, ele não consegue acessar. Nós estamos fazendo um levantamento de quanta demanda tem represada e estamos encaminhando esses números diretamente ao Ministério da Agricultura para que possamos agilizar a liberação destes recursos, tendo em vista que é um recurso estratégico para o nosso setor – afirma Ricardo Tomczyk, presidente da Aprosoja-MT.

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