Produtores de laranja estão insatisfeitos com preço mínimo pago pela indústria

Segundo citricultores, valor de R$ 10,50 pela caixa de 40 quilos é baixo e não cobre os custos com a produçãoOs produtores de laranja não estão satisfeitos com o preço mínimo pago pela indústria. Eles reclamam que o valor é muito baixo e não que cobrem os custos com a produção. Em junho, o governo federal disponibilizou cerca de R$ 300 milhões para as empresas formarem estoques de suco, determinando o valor de R$ 10,50 pela caixa de 40 quilos.

José Inivaldo de Oliveira planta 43 mil pés de laranja em 80 hectares no município de Cajobi, no interior de São Paulo. Segundo ele, os custos de produção estão muito altos e o preço pago pela caixa não cobre os gastos.

Mesmo garantindo um valor mínimo, muitos produtores consideram baixo o preço de R$ 10 pela caixa. Somente quem já tinha contrato firmado desde o ano passado está conseguindo um valor mais alto.

Marcos Antônio Migue é uma exceção. Ele tem contrato com a indústria desde o ano passado. Por conta disto está vendendo a caixa a R$ 13,50. Mesmo assim, não está satisfeito.

? Estou achando que não vale a pena, tenho pena de quem vende a R$ 10. Na realidade, este preço veio só para beneficiar as indústrias e não ao produtor de laranja. Hoje temos poucas indústrias trabalhando no mercado, então ficamos a mercê delas. Não existe mercado para consumir estas frutas, desta forma, eles definem o preço e a gente fica a mercê deles ? afirma.

De acordo com o presidente da Associação Brasileira de Citricultores (Associtrus), Flavio Viegas, a atividade está inviável. O custo de produção, segundo ele, está na faixa de R$ 17.

? O produtor recebeu R$ 5 em 2009, R$ 15 ou R$ 16 em 2010 e vai receber R$ 10 nesta safra. A R$ 10 o produtor está tendo prejuízo de R$ 7 por safra, que ele não tem condições de absorver uma vez que vem de um histórico de décadas de preços abaixo do custo de produção.

A saída para o produtor, segundo o engenheiro agrônomo da Casa da Agricultura de Cajobi, Carlos Eduardo da Silva, seria ter como referência de pagamento o preço do suco fresco no mercado internacional.

? A solução é nortear o preço da caixa de laranja baseado no preço do suco fresco no mercado internacional, que hoje é o supra sumo, é a venda de suco fresco, até por rendimento. Para ter um preço satisfatório, no mínimo teria que se fazer a média do preço do suco concentrado. No mínimo R$ 15, R$ 16, ou seja, uma diferença de 40%.

Para o presidente da Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos – CitrusBR, Christian Lohbauer, a ideia a inviável. Ele diz que a indústria não é contra, mas até agora não foi apresentado nenhum projeto que mostre a viabilidade da mudança.

? Quem acha que pode colocar o preço da gôndola como referência, por favor, traga um estudo técnico mostrando como calcular margens dos distribuidores e engarrafadores, além de colocar os impostos que se pagam em todos estes países, considerando só o mercado europeu que já é complicado, são 27 paises, cada um com um imposto diferente.

O analista de mercado Maurício Mendes, presidente da consultoria FNP, que não é ligado à indústria, nem aos produtores, afirma que, se não fosse a garantia do preço mínimo de R$ 10,50, os produtores estariam recebendo ainda menos. A solução para o setor passa pela diminuição dos custos e pelo aumento da produtividade. Ele considera positiva a medida do governo.

? A medida é inédita e positiva, pois permite que a indústria possa se desfazer dos seus estoques, de uma maneira mais linear ao longo da safra, sem precisar vender os estoques no momento da safra.