Produtores de mandioca do Sudeste lucram com preços altos e oferta reduzida

Quebra da safra do produto no Nordeste reduziu a oferta no país e impulsionou a alta dos preçosA quebra da safra de mandioca do Nordeste, região líder na produção do alimento, impulsionou a alta dos preços do produto no Sudeste, onde a demanda está firme e a oferta, restrita. Nas lavouras paulistas, os trabalhadores colhem as mandiocas em ritmo acelerado, e os caminhões partem diariamente lotados para as fábricas de farinha.

O produtor Benedito Zani acredita que a situação atual está favorável:

– Não tem que reclamar muito, o que tem que fazer é pôr a mão na massa, acreditar e plantar, que é lucro certo – afirma.

– O Nordeste  teve uma quebra de safra muito grande, em torno de 12%. É a maior seca dos últimos 80 anos, e isso influenciou fortemente no mercado de farinha, fazendo com que os agentes do Nordeste passassem a ser compradores de farinha aqui do Centro-Sul – explica o pesquisador do mercado de mandioca do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), Fábio Isaías.
 
Além da farinha, a própria mandioca para processamento teve aumento na comercialização. Com a demanda maior, o preço subiu para os processadores do produto. Em uma fábrica de farinha de mandioca de Santa Maria da Serra (SP), por exemplo, os valores pagos pela matéria-prima aumentaram muito.

– O primeiro semestre do ano passado estava ocorrendo a R$ 150 a tonelada. Aí, de outubro para cá, ela teve essa elevação brusca e chegou hoje em torno de R$ 250 a tonelada – diz o diretor de comercialização da fábrica, João Alex Zani.

Com os preços da mandioca mais altos, o valor do produto final também aumentou. Um saquinho de 500g da farinha, que era negociado por R$ 0,70, agora sai a R$ 1,15.

Em contrapartida, o preço também se torna alto para o bolso dos consumidores. Por isso, Zani investiu em tecnologia, a fim de estabilizar o produto no mercado. No último ano, ele adquiriu inúmeros equipamentos automatizados para otimizar a produção. Outro fator que contribuiu para a equilibrada dos preços foi a troca da madeira usada no fogo das chapas que assam a farinha por serragem.

– Usa-se o cavaco de madeira reciclável, que é resíduo de madeira, de móveis industriais, fábrica de móveis, construção civil. Temos também essa maneira de diminuir custos para poder manter a demanda do mercado – apontou. 

O pesquisador do Cepea confirma que os preços devem continuar neste patamar em 2013.

– A expectativa ainda é de alta, visto que a produção nordestina ainda não se recuperou. Além disso, vê-se de uma diminuição na área plantada de 2012 para 2013 também, bem como produtividade agrícola menor. Se não bastasse isso, a demanda é crescente, visto que os estoque de fécula e estoques de farinha ainda são baixos, e a reposição desses estoques deve conduzir a preços mais elevados – indica.

De acordo com o especialista, quem investiu na mandioca em 2012 poderá desfrutar das vantagens do mercado neste ano.

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