• Déficit de armazenagem de grãos no país é de 40 milhões de toneladas por ano, estima Conab
No pico da safra, os produtores deixam de negociar melhores preços. Na safra passada, pelo menos 9% da produção poderia alcançar valores maiores. Em Mato Grosso, a distância dos portos prova a necessidade de aumentar a capacidade de armazenagem. Hoje, o Estado que tem a maior produção de grãos do país vive um momento delicado. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) é inoperante. Das cinco unidades de armazenamento, apenas duas estão funcionando, em Rondonópolis (MT) e Alta Floresta (MT), com 70% da capacidade.
As lideranças de Mato Grosso estão estimulando a construção de silos individuais ou em grupo nas propriedades. As vantagens vão além de escalonar a safra durante todo o ano, com segurança e a redução de custos. O produtor esta provocando uma espécie de concorrência no mercado, que vem se mostrando lucrativa na hora de escoar a produção.
– A gente faz um acompanhamento tanto da soja balcão quanto da soja disponível. A balcão é aquela soja já contratada que vai direto da colheita para o armazém da compradora. Se você tem um armazém dentro da propriedade, você pode vender este preço ao mercado disponível e pode ter diferenciais de R$ 2,00 ou poder chegar até R$ 4,00, dependendo do periodo de safra – diz Daniel Latorraca Ferreira, gestor de mercado do Instituto Mato -grossense de Economia Agropecuária (IMEA).
A corrida para construir armazéns, no entanto, enfrenta alguns obstáculos como, por exemplo, a dificuldade com energia elétrica nas propriedades. O produtor de soja Wanderley Cossetin tem o recurso necessário, mas esbarra na falta de energia.
– A gente pode ter condições, mas temos muito problema de energia. A demanda é muito alta. Para você ter uma ideia, as nossas redes não estão comportando e, segundo informações que obtive, primeiro é preciso procurar a Cemat e ver se ela pode fornecer uma energia a mais. Corremos atrás e conseguimos. Agora, estamos dando sequência, colocamos os valores no banco e esperamos o governo liberar.
Wanderley Cossetin é produtor em Nova Mutum (MT) há três décadas. Ele está a um passo de concretizar o sonho de ter um silo. O produtor faz os cálculos e pode ganhar até R$ 10 a mais por saca, quando conseguir armazenar a produção, além de valorizar a propriedade.
– O rapaz da corretora fez umas contas para mim. Em cima da minha propriedade, com 600 hectares de lavoura, em quatro anos eu tiro o investimento. Ele me garantiu – salienta o produtor.