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Produtores de Mato Grosso têm prejuízo com segunda safra de soja

Ataque de pragas e custo elevado reduziu rendimento das lavouras, que colheram média inferior a 30 sacas por hectareO cultivo da segunda safra de soja foi tema dos debates do 9º Circuito Aprosoja, durante a passagem pelo norte de Mato Grosso.

– A questão da soja safrinha é um assunto polêmico com toda certeza, temos aí resultados bons e resultados muito ruins. Tem produtor que não vai plantar de jeito nenhum, mas tem produtor que vai arriscar novamente – relata o presidente do Sindicato Rural de Sorriso, Laércio Pedro Lens.

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– A soja safrinha tem que ser bem pensada, tem que ser analisada. Tem problemas sérios de fitossanidades, o produtor deve saber que ela propaga nematoides. Toda a microbiologia de solo pode ser afetada, então tem que ter muita adubação contra pragas. A ponte verde se propaga e as pragas têm o poder e totais condições de sobrevivência de um ciclo para outro, apesar do vazio sanitário de 90 dias – diz o diretor técnico da Aprosoja Nery Ribas.

Em algumas regiões de Mato Grosso, a safrinha de soja foi utilizada em larga escala, a cultura surgiu como uma alternativa diante dos preços baixos do milho. No município de Sorriso foram cultivados cerca de oito mil hectares, e o resultado não foi satisfatório.

– Tiveram áreas que colheram sete sacas por hectare e outras que colheram 45 sacas por hectare. Na média geral foram 25 sacas, o que não paga o custo, porque tiveram seis ou sete aplicações, então o custo não se paga – calcula Lens.
 
Rodrigo Marcelo Pasqualli, diretor-executivo da Fundação Rio Verde, vem fazendo há mais de dois anos uma série de pesquisas sobre o cultivo da soja segunda safra. Na área experimental de 15 hectares, os resultados não foram satisfatórios. Segundo o pesquisador, a cultura se mostrou totalmente inadequada para o período.

– Nós tivemos uma grande incidência de pragas e doenças, e o clima não é tão propício para a cultura. Ela é uma cultura que foi aclimatada de temperatura de luz e de intensidade de chuvas, para uma determinada época do ano e quando ela é plantada nesse período acaba fugindo um pouco do seu ideal, comprometendo a produtividade e performance, e até favorecendo o ataque de pragas e doenças – afirma Pasqualli.

O pesquisador deixa claro que o plantio da segunda safra de soja não é recomendado e aponta que, em função do custo para produção entre 30 e 35 sacas e rendimento entre 15 e sete sacas, plantar soja como segunda opção não é a melhor escolha.

– Colhendo a soja safrinha inferior a 30 sacas e colhendo o milho entre 80 e 90, até 100 sacas, o milho ainda é a melhor opção. A soja tem muitas limitações técnicas, muitas influências externas.

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– Cultivamos 20 hectares de soja safrinha, para fazer uma experiência, só para ver a situação. Mas foi muito fraco o resultado, produziu apenas 13 sacas por hectare. No final, deu muita doença, a ferrugem pegou e detonou toda a área. Não é viável – conta.

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