O vice-presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), José Mário Schreiner, alertou para a incapacidade dos produtores rurais do Matopiba – o grupo formado pelos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, de cumprir seus compromissos financeiros com operações de custeio e investimentos, por conta da perda de safra provocada pela estiagem prolongada na região.
As culturas mais afetadas foram a soja, o milho safra de verão e o algodão. Entretanto, ressaltou Schreiner, o problema pode atingir outros estados e prejudicar também a colheita do milho safrinha, que tem 70% da produção comercializada.
O tema foi discutido, nesta quinta, dia 09, com o secretário-adjunto de Política Agrícola e Meio Ambiente do Ministério da Fazenda, Ivandré Montiel, em audiência realizada em Brasília (DF). O encontro também teve a presença de representantes da Associação dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil), Banco do Brasil e Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), que discutiram o andamento das operações rurais de custeio e investimentos com o objetivo de buscar medidas para minimizar os prejuízos aos produtores rurais.
Segundo a estimativa da safra 2015/2016, divulgada, nesta quinta, pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a safra total de grãos e fibras será de 196,5 milhões de toneladas, queda de 5,4% em relação à safra anterior. O levantamento apontou queda de produção expressiva na região do Matopiba. No caso da soja, por exemplo, a previsão de perda chega a 64% no Piauí e 41% no Maranhão. Quanto ao milho safrinha, a perda total de produção estimada é de 8,4% em relação à safra 2014/2015, sendo mais expressiva no Matopiba e no Centro-Oeste.
“Estamos com um problema que vai muito além dos bancos oficiais. Chegaremos a um momento que o produtor não vai dar conta de pagar as operações”, disse o vice-presidente da CNA. O encontro de hoje deu sequência às discussões para a solução do endividamento dos produtores, causado pela estiagem. Novos encontros devem acontecer nas próximas semanas com outros bancos oficiais e privados.