• Aprosoja MT questiona ineficiência de tecnologia do milho Bt contra lagartas
• Fundação MT alerta que milho Bt está perdendo eficiência
O problema gerou descrédito entre os produtores rurais sobre a eficácia do grão geneticamente modificado. O fato também deixou a Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT) em alerta. A entidade já notificou a empresa e promete entrar na justiça para que esses agricultores sejam ressarcidos.
O assunto foi destaque da caravana do 9º Circuito Aprosoja, que contou com a presença dos produtores de Querência. O presidente da associação afirma que o problema da quebra de resistência da tecnologia Bt vem sendo acompanhado desde o ano passado.
– A quebra da eficiência nas cultivares Bt foram identificadas na safra passada, só que numa proporção menor. Entretanto, em 2014, praticamente 100% da área plantada perdeu resistência. A Aprosoja-MT já notificou as empresas que puseram no mercado e que venderam os grãos geneticamente modificados ineficientes. Queremos que elas apresentem soluções de maneira a compensar o produtor pelos gastos extras e pelas perdas na safra. Nós estamos aguardando as respostas. Queremos resolver pelo diálogo, mas, se não for possível, vamos tomar outras medidas, inclusive judicais, para garantir o direito do produtor – afirma o presidente da Aprosoja-MT, Ricardo Tomczyk.
O produtor Valmir José Schneider está acabando de colher 1.600 hectares cultivados com o milho segunda safra – toda a área cultivada com sementes transgênicas de alta tecnologia. A produtividade da lavoura, por enquanto, é satisfatória, alcançando a média de 120 sacas por hectare. O resultado era para ser motivo de comemoração, mas Schneider enfrentou problemas em, pelo menos, 300 hectares da lavoura.
Valmir José Schneider desembolsou R$ 350 por cada saco de semente com tecnologia Bt, que são resistentes a pragas. O problema é que em algumas áreas a tecnologia não resistiu, e o produtor precisou fazer algumas aplicações de defensivos. Os custos aumentaram em cerca de 4%, um prejuízo de três sacas por hectare.
– A lagarta veio com força. Ela vai para o milho logo após o cultivo da soja, temos uma infestação muito alta. A tecnologia não está suportando as pragas. Hoje, não sabemos se vamos comprar o milho Bt ou o convencional, fazendo a aplicação de defensivos.
– reclama o agricultor.
Segundo o presidente do Sindicato Rural de Querência, Gilmar Dell Osbel, pelo menos 10% da área de cultivo da tecnologia Bt foi atacada por lagartas. Os custos subiram aproximadamente R$ 50,00 por hectare.
– É um sentimento de frustração, porque o produtor está disposto a pagar pela tecnologia, mas ele investe e ela não funciona. O agricultor fica completamente frustrado. Nós tivemos um custo adicional em defensivos, que foi aplicado para combater as pragas. Isso precisa mudar. A pessoa investe em uma tecnologia que ele espera que funcione – comenta Osbel.