Produtores não antecipam vendas e se arrependem

Sojicultores paulistas anteciparam as negociações nas últimas duas temporadas e perderam dinheiro. Este ano, apostaram em não comercializar com antecedência e mais uma vez podem se dar mal

Sebastião Garcia, de Capão Bonito
A cada safra o produtor de soja espera produzir o máximo possível, a custos baixos e obter preços elevados na venda. Nesta temporada, os custos estavam acima do esperado, o clima até contribuiu e os preços não eram os piores já vistos (até remunerariam). Mas, ainda assim, muitos resolveram não vender a soja antecipadamente na expectativa de obter valores melhores a frente. O problema é que agora os preços caíram bastante e a expectativa é de uma rentabilidade menor.

No levantamento realizado pela consultoria Safras & Mercado, 30% da safra de soja deste ano foi comercializada até o momento. No mesmo período do ano anterior, 49% havia sido negociada, e na média 39% é vendida antecipadamente. Em São Paulo a movimentação é ainda mais lenta, 23% dos produtores decidiram antecipar as vendas, e muitos, como é o caso dos sojicultores de Capão Bonito, se arrependeram.

Abertura Nacional da Colheita de Soja 2016/2017
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Segundo o presidente da Cooperativa Agrícola de Capão Bonito, Kenji Okamura, esta foi uma aposta, baseada em safras passadas, que quem comercializou antes acabou perdendo quase R$ 10 por saca. Mas, desta vez os preços que não se mantiveram e a tática não deu certo. “Acho que não temos uma perspectiva muito boa. A menos que o dólar de uma alavancada, daí pode ser que melhore um pouco, mas acreditamos que o preço não vai ser muito bom esse ano”, comenta Okamura.
Ao que parece muitos produtores pensaram da mesma maneira, já que as vendas antecipadas não superaram nem 10% da produção esperada no município. Na safra 2014/2015, os produtores de Capão Bonito comercializaram 355 mil sacas antecipadamente. Na safra 2015/2016, caiu pra 277 mil sacas. Nesta temporada foram travados até agora contratos equivalentes a 147 mil sacas apenas.

A sojicultora Elizana Baldissera Paranhos está entre os que apostaram em esperar, tanto que não travou nem os custos. Segundo ela, o foco agora não está nas comercializações, mas sim na colheita, que começa no dia 15 deste mês. “Vai sobrar menos no bolso do agricultor. Acredito que boa parte estava capitalizada e isso acabou favorecendo esta condição”, diz Elizana que prevê uma boa produtividade graças a boas práticas adotadas em todas as fases da semeadura e desenvolvimento das plantas.

A média de produtividade da soja nas áreas que a produtora planta chega a 70 sacas por hectare. Ou seja, 20 sacas a mais que a média nacional. Elizana diz que é preciso um manejo bem feito para isso. “Mais da metade do sucesso de uma lavoura é decorrente de um plantio bem feito. Eu brigo muito para que todos caprichem. Que o lugar onde colocarei a semente esteja na profundidade ideal, com espaçamento correto. Isso é fundamental para começar a pensar em produtividades mais altas”, ressalta ela.

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