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DF: produtores não conseguem tirar milho do estado

Reajuste de ICMS de 1% para 12% torna inviável enviar produto para outro estado

Fonte: Claudecir Cenedese

Produtores de Mato Grosso estavam com problemas para escoar o milho segunda safra, porque as chuvas no Paraná atrapalharam o embarque dos grãos. Agora, no Distrito Federal, os produtores não têm como mandar o cereal para fora do estado, porque o ICMS ficou alto. Além disso, a dificuldade de acesso ao crédito de armazenagem e a falta de silos para estocar o produto estão fazendo com que os agricultores também deixem o milho a céu aberto.

Em plena colheita da segunda safra de milho, agricultores estão preocupados com a falta de armazéns para guardar os grãos, enquanto o produto não é comercializado. Segundo o vice-presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho), como não há espaço nas propriedades, já tem espiga caindo do pé.

– O produtor está procurando colher na hora certa para armazenar. Agora, certas regiões, o problema maior é a armazenagem. Então, tem que armazenar a céu aberto, corre risco, tudo isso dificulta pro produtor, tudo isso tem custo – conta o vice-presidente, João Carlos Werlang.

Rodrigo Werlang plantou 100 hectares e espera uma produtividade de cerca de 140 sacas por hectare. Mas prevê um prejuízo de 10% se a colheita demorar para chegar ao fim. Ele é um dos que estão perdendo milho pelo amadurecimento e reclama da precária infraestrutura brasileira, que dificulta o escoamento dos grãos e obriga o agricultor a sobrecarregar os armazéns.

– Os caminhões fizeram essa greve aí, no início do ano, por causa da alta do combustível e tal, então as operações que eram pra ser feitas em março, abril, maio, ficaram atrasadas por causa da greve e estão tumultuando os portos agora, pra gente mandar a safra de milho – relata o produtor rural.

E aí vem mais um problema: a dificuldade de enviar o milho para outros estados.

– Estamos tentando arrumar outros compradores pra outros estados, pra tentar mandar esse milho pra fora. No caso do DF, a gente tinha um benefício que pagava 1% o ICMS. Temos outro problema agora, derrubaram esse 1%, o nosso agora tem que ser 12%. Então, às vezes fica inviável mandar milho pra fora, porque você tem que pagar muito imposto e o preço do milho está relativamente baixo – explica Rodrigo.

Os produtores também reclamam da burocracia para acessar o crédito destinado à construção de armazéns. Neste Plano Safra, foram disponibilizados R$ 2 bilhões para essa finalidade.

– O produtor leva documento, aí chega no outro ano, tem que levar de novo, comprovar isso, comprovar aquilo. É muito complicado. É muita burocracia para resolver os financiamentos, até que seja aprovado demora na construção, aí chega tarde, na maioria das vezes – diz o representante da Abramilho.

Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), os silos brasileiros têm capacidade para estocar pouco menos de 150 milhões de toneladas, mas a colheita total estimada para a safra 2014/2015 ultrapassa 200 milhões de toneladas. Para a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), o maior déficit está nas regiões Norte e Nordeste do país.

– Nós temos um déficit de mais ou menos 90 milhões de toneladas. Em razão disso, a maioria não está situado na região Norte e Nordeste do país. Então, teriam que ser instalados armazéns nessas regiões, principalmente agora que o Matopiba é considerado a última fronteira agrícola em expansão no mundo. Então, a necessidade de instalar armazéns nesses locais – confessa Elisângela Lopes, assessora de logística e infraestrutura da CNA.

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