Produtores não querem sair de área desapropriada para quilombolas no Rio Grande do Sul

Representantes de Osório, Maquiné, Rio Pardo e Jacuizinho foram até o Palácio do Planalto para reuniãoAgricultores familiares de Aguapé, distrito rural de Osório, no litoral do Rio Grande do Sul, pediram nesta quinta, dia 15, que o governo federal volte atrás na decisão de desapropriar uma área de quase cinco mil hectares no município. Um grupo quilombola teve o direito de posse reconhecido pelo Incra este ano e o Ministério Público Federal cobra agilidade na retirada das famílias que vivem na região.

A reunião fechada aconteceu no Palácio do Planalto. Os representantes – vindos de Osório, Maquiné, Rio Pardo e Jacuizinho – dizem que 950 famílias residem na área. A maioria, pequenos produtores que não querem sair de do local.

Os agricultores argumentam que as famílias estão na região há seis gerações. A comprovação veio em forma de documentos de posse das terras e de produtividade das lavouras no local, que foram entregues ao governo.

? Vai causar um impacto sócio econômico para a região. Não só nos municípios de Osório e Maquiné, mas no entorno, que são áreas produtivas de banana, de gado, de hortaliças que abastecem o litoral no verão, Osório e região metropolitana de Porto Alegre ? afirma o membro Associação Comunitária Aguapés, Edson de Souza.

? O que a gente pretende é procurar o Incra, sua presidência, e levar todos esses elementos e ver como podemos fazer para que nenhum seja prejudicado, ninguém tenha direito em detrimento de outros ? relata o secretário Nacional de Articulação Social, Paulo Maldos.

O presidente do Quilombo Morro Alto, Wilson Marques da Rosa, disse que há registro de quilombolas na região desde 1773, antes da chegada dos agricultores. Segundo ele, atualmente mais de 450 famílias descendentes de escravos vivem na região. Os agricultores que forem desalojados serão indenizados.