No entanto, o rendimento é bom. A produtora rural Miriam Maluf Mendes e o marido Marcelo Mendes de Melo têm plantação. Eles entraram no negócio há pouco tempo e estão satisfeitos. O casal trabalhava e morava em São Paulo. Não tinha o menor conhecimento sobre o palmito, até que, dois anos atrás, por sugestão de um tio de Miriam, resolveram investir.
Segundo Miriam, a primeira preocupação que tiveram foi com uma produção de qualidade, sem agrotóxicos.
? Uma produção bonita, com a mata perto, sem desmatamento. Plantando, ela perfilha. Você planta uma, ela perfilha em várias. Então é uma produção bem viável e também que você consegue manter esta natureza toda ? explica Miriam.
Assim como o casal, o produtor rural João Cruvinel, um dos mais tradicionais da região, faz um trabalho independente. No entanto, os três são sócios. Em um mês, eles devem abrir uma indústria pra processar o que produzem.
? Em um ano e meio, colhe-se a primeira safra. Com um ano e meio, se a lavora for bem tratada, a lavoura floresce. Ela se paga ? afirma João Cruvinel.
O Vale do Ribeira é muito conhecido pela produção de bananas. Mas o palmito, por conta do clima úmido e seco, da topografia, que vai de várzea até morros, é visto também como um bom negócio nesta região. Tanto que cada dia tem mais gente interessada nesta atividade.
Agora o desafio é manter a qualidade do palmito. Isso é muito rigoroso na indústria, mas é um trabalho que começa no campo. Agora tem até um selo pra que o consumidor possa identificar qual é o palmito bom.
Instituto Palmito Seguro
Bom, no sentido legal do negócio, diz o empresário Khalil Yepes Hojeije, que no ano passado fundou o Instituto Palmito Seguro, uma entidade que defende o que ele chama de moralização do produto, e que a produção seja qualidade para o consumidor. Do Instituto é que surgiu o selo, que fica no rótulo das embalagens. O selo atesta que o produto tem qualidade. O Instituto tem uma equipe de especialistas que faz auditorias nas plantações e nas indústrias.
Alguns princípios de qualidade serão buscados, a exemplo da rastreabilidade. A gente vai também até o campo pra orientar e pra verificar como anda a produção e o cultivo de palmito. Assim, a gente consegue também rastrear esta marca que vai querer ter o selo no mercado e fazer uma análise microbiológica. A partir destas três informações, nós sabemos se aquela marca vai poder ou não ter o selo ? afirma o empresário.
A família de Khalil está há 40 anos no ramo. Eles produzem e beneficiam o palmito. Por mês, são mais de 260 mil vidros comercializados em mercados de todo o país. Tudo só sai daqui com o selo. Como eles, existem hoje outras cinco marcas no Brasil. Aquela que produtores rurais João, Marcelo e Miriam pretendem criar deve ser mais uma.
? Eu espero que realmente este selo venha realmente contribuir para a cadeia produtiva, para o produtor rural e para o consumidor final ? afirma Marcelo.