O território do Paraná tem quase 20 milhões de hectares. Desse total, 17, 8 milhões são ocupados com agricultura, pecuária e mata nativa e de reflorestamento. A Secretaria de Agricultura diz que o Estado não tem mais como expandir a área rural porque o restante está ocupado principalmente pelo meio urbano e a malha aquática. Por essa razão, há mais de 20 anos os produtores paranaenses trabalham para aumentar a produtividade do setor agropecuário. Eles acreditam que um Código Florestal próprio, com todas as alterações previstas por Aldo Rebelo, pode preservar essa realidade.
A mata do produtor Milton Casaroli está averbada, mesmo assim, para ele os 20% que precisou isolar na propriedade são muito importantes dentro dos 250 hectares que cultiva. Ele diz que critérios técnicos e científicos devem balizar a lei. O agricultor também acredita que leis estaduais específicas podem evitar o que classifica como distorções.
? Uma legislação para Mata Atlântica aplicada no arenito não funciona. Se se baseasse mais em ciência e menos em ideologia, e isso fosse feito aqui no Paraná, eu acho que a gente estaria com um código muito bom, protegendo o meio ambiente e dando sustentabilidade. Não é uma coisa difícil, falta um pouquinho de vontade. Nós temos que entender que o Brasil é grande, muito grande ? afirma Casaroli.
O agricultor Luis Fernando Kalinovski considera a reserva legal uma expropriação, um desrespeito ao seu direito de dono da terra. Ele não averbou a mata que tem e espera que a lei junte aos 20% as áreas de preservação permanente e também defende leis estaduais.
? Eu acho que com apoio técnico, com as universidades, com os órgãos de pesquisa agropecuária de cada Estado, ou senão com a Embrapa, que tem um conhecimento nacional amplo, poderiam com certeza construir coisas mais de bom senso, de maior aplicabilidade técnica, de realmente tentar contemplar os dois ? diz Kalinovski.
A proposta de um Código Florestal próprio foi lançada pela Federação da Agricultura do Paraná (Faep) e é vista como um “Plano B” para a questão ambiental no Estado. Por enquanto a Faep estuda as leis de Santa Catarina e Minas Gerais, que adotaram leis “personalizadas”. O Sindicato Rural de Londrina tem posição alinhada com a federação paranaense.
? Eu acho que o código que o Aldo Rebelo coloca já está em estudo há mais de dois anos e seria a nossa base de sustentação e garantia, porque a gente vê que o código, do jeito que está colocado, as alterações servem para nós ? afirma o presidente do Sindicato Rural de Londrina, Narciso Pissinatti.