O produtor Álvaro Pereira de Souza termina de plantar trigo enquanto espera a votação do Código. Ele tem apenas metade da área de reserva legal averbada, o restante é solo produtivo, que ele não pretende descartar. Acabou de adquirir outra propriedade e diz que não concorda com o abandono de áreas consolidadas porque elas representam alimento na mesa do consumidor.
? Nós estamos esperando que aprovem o que Aldo Rebelo propôs. Que as áreas consolidadas fiquem, pois, se forem mexer nessas áreas, o Paraná e o Brasil vão perder muito ? disse Álvaro Pereira de Souza.
O agricultor tem mil hectares em produção. Tomando a área dele como exemplo, é possível calcular quanto se deixaria de produzir no Paraná em 200 hectares, os 20% de reserva legal.
Só no verão seriam 11, 2 mil sacas de soja a menos. Tirando o custo de implantação e manejo da lavoura, seu Álvaro deixaria de receber R$ 200 mil, com a saca cotada a R$ 40.
Para o milho, a conta assusta ainda mais. 200 hectares a menos de milho significam 27 mil sacas só no verão e, com a saca a R$ 25, R$ 280 mil longe da renda do produtor. Em propriedades menores, a queda na renda pode comprometer a qualidade de vida das famílias.
Segundo o Instituto Ambiental do Paraná (IAP), que está registrando as Reservas Legais, até dezembro do ano passado, 122 mil propriedades já estavam com as áreas averbadas. O Instituto faz levantamentos semestrais, mas calcula que até hoje esse número tenha chegado a 140 mil propriedades com os 20% de mata documentados. Ainda assim, é menos da metade da quantidade de propriedades rurais oficialmente registradas no Paraná, que chegam perto de 380 mil. Segundo o IBGE, 85% delas têm menos de 50 hectares.
O IAP prevê uma “corrida” dos produtores pela regularização, caso as áreas de preservação permanente não sejam incorporadas à reserva legal. Porém, muitos deverão se informar sobre como não ficar na ilegalidade e ainda assim manter a produção. A maioria espera que as áreas de preservação permanente sejam incorporadas à porcentagem de reserva legal.
Outra esperança é a aprovação da anistia para áreas desmatadas, especialmente nas pequenas propriedades.
Entenda as mudanças propostas: