Produtores poderão receber por grãos de soja ardidos

Pesquisa da UFMT comprovou que grãos que receberam muitas chuvas e estão em processo de fermentação, não perdem o teor de proteína

O grão de soja conhecido pelo termo “ardido”, que é aquele que recebeu muita chuva e está em processo de fermentação, mantém o mesmo teor de proteína que um grão normal, revelou um estudo realizado pelo Núcleo de Tecnologia em Armazenagem da Universidade Federal de Mato Grosso (NTA/UFMT). Com isso, os produtores que até então não recebiam nada por este grão, poderão negociar com as indústrias um pagamento por este produto.

O fato da pesquisa revelar que os grãos ardidos não perdem o teor da proteína é uma boa notícia aos produtores, considerou a Associação dos Produtores de Soja e Milho de mato Grosso. “Atualmente, o produtor não recebe por estes grãos ardidos e a indústria os utiliza mesmo assim, dentro da legislação. Então, esperamos que haja uma remuneração, mesmo que com deságio, como é feito na Argentina ou nos Estados Unidos”, comenta o diretor técnico da Aprosoja-MT, Nery Ribas.

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A pesquisa realizada pelo núcleo da UFMT, analisou grãos de soja durante dez safras para determinar a qualidade da oleaginosa. O estudo começou por uma especulação para saber a qualidade dos grãos de soja de Mato Grosso, e apontou que a variação do teor de proteína bruta variou entre 31% e 45% no período analisado, enquanto o teor médio de óleo foi de 21%.

A soja produzida no Piauí e em Tocantins têm os maiores índices de teor de proteína e óleo. Já Mato Grosso ficou com a terceira posição com 37,5% de teor de proteína e 20,1% de óleo. “Podemos observar que os grãos de soja produzidos em Mato Grosso atendem muito bem aos padrões comerciais. Ainda mais se compararmos com grãos de outros países como Estados Unidos, que tem limite máximo de 36%. O nosso está em 36% e 38% de proteína. Isso significa que atende a indústria e também a exportação”, conta a pesquisadora Maria Aparecida Canepele, coordenadora do NTA/UFMT.

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