Tudo favorável para uma safra recorde no Estado. Os produtores aumentaram a área plantada em 500 mil hectares e o clima ajudou. Choveu na hora e na medida certa. Porém, se a colheita é promissora, o mesmo não se pode dizer dos preços pagos ao produtor.
Desde a safra de 2005, o produtor não sofria tanto para fechar as contas da lavoura. O produtor Luis Carlos Dalla Libera lembra que, pelo menos naquela época, o preço pago em era maior que as últimas propostas que vem recebendo. Hoje, na faixa de R$ 9,00 a saca.
– A gente investe em tecnologia. Comecei vendendo a R$ 12,50, depois baixou para R$ 11,50, e agora isso. Naquela época, pagavam R$10,00, mas o insumo era mais barato – diz o produtor.
O consultor Naildo Lopes afirma que para os produtores recuperarem os investimentos seria necessário que uma saca fosse comercializada a pelo menos R$ 15. Ele defende medidas do governo para auxiliar o setor.
– As trendings pressionam para comprar mais barato. O governo tem que dar preço mínimo – fala.
Além dos preços baixos, dados do Imea mostram que a comercialização da safra está em ritmo mais lento do que no ano passado.
– Hoje está se comercializado 36%. No ano passado, era 54% nessa época. Essa comercialização antecipada se deve à troca à vista que o produtor vem fazendo – diz Daniel Latorraca, gestor do Imea.
Diante da dificuldade com a falta de armazéns no Estado, produtores estão buscando alternativas como o silo bolsa, que protege o milho e garante a segurança para comercializar a safra no melhor momento. Daniel Latorraca defende o desenvolvimento das cadeias de suínos e de aves, que demandam o grão para a alimentação.
– O consumo no Estado com suínos, aves e até mesmo o etanol de milho deveriam ser repensados.
Com preços baixos e sem perspectivas de exportar os mesmos volumes de 2012, o aumento da área registrado em todo o Estado não deve se repetir na próxima safra. Luis Carlos Dalla Libera, que plantou 700 hectares a mais de milho, deve retornar ao sorgo.
– Tem que plantar 30% do que foi essa safra, que aí os preços voltam para R$16, R$18. É o que o produtor precisa – finaliza.