Produtores reclamam dos preços pagos pelo milho em Mato Grosso

Além da cotação, falta de perspectivas de exportar os mesmos volumes de 2012 devem baixar área plantada no Estado na próxima safraA estimativa da safrinha de milho em Mato Grosso passou de 13 para 17 milhões de toneladas, segundo o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea). A fartura de grãos tem preocupado os produtores, que por falta de estrutura para a armazenagem e de exportações, fecham contratos com preços abaixo do custo de produção.

Tudo favorável para uma safra recorde no Estado. Os produtores aumentaram a área plantada em 500 mil hectares e o clima ajudou. Choveu na hora e na medida certa. Porém, se a colheita é promissora, o mesmo não se pode dizer dos preços pagos ao produtor.

Desde a safra de 2005, o produtor não sofria tanto para fechar as contas da lavoura. O produtor Luis Carlos Dalla Libera lembra que, pelo menos naquela época, o preço pago em era maior que as últimas propostas que vem recebendo. Hoje, na faixa de R$ 9,00 a saca.

– A gente investe em tecnologia. Comecei vendendo a R$ 12,50, depois baixou para R$ 11,50, e agora isso. Naquela época, pagavam R$10,00, mas o insumo era mais barato – diz o produtor.

O consultor Naildo Lopes afirma que para os produtores recuperarem os investimentos seria necessário que uma saca fosse comercializada a pelo menos R$ 15. Ele defende medidas do governo para auxiliar o setor.

– As trendings pressionam para comprar mais barato. O governo tem que dar preço mínimo – fala.

Além dos preços baixos, dados do Imea mostram que a comercialização da safra está em ritmo mais lento do que no ano passado.

– Hoje está se comercializado 36%. No ano passado, era 54% nessa época. Essa comercialização antecipada se deve à troca à vista que o produtor vem fazendo – diz Daniel Latorraca, gestor do Imea.

Diante da dificuldade com a falta de armazéns no Estado, produtores estão buscando alternativas como o silo bolsa, que protege o milho e garante a segurança para comercializar a safra no melhor momento. Daniel Latorraca defende o desenvolvimento das cadeias de suínos e de aves, que demandam o grão para a alimentação.

– O consumo no Estado com suínos, aves e até mesmo o etanol de milho deveriam ser repensados.

Com preços baixos e sem perspectivas de exportar os mesmos volumes de 2012, o aumento da área registrado em todo o Estado não deve se repetir na próxima safra. Luis Carlos Dalla Libera, que plantou 700 hectares a mais de milho, deve retornar ao sorgo.

– Tem que plantar 30% do que foi essa safra, que aí os preços voltam para R$16, R$18. É o que o produtor precisa – finaliza.

Clique aqui para ver o vídeo