Atualmente apenas uma indústria opera no Estado, a Coopercana, de Porto Xavier. A cooperativa produz em 3,5 mil hectares e é composta principalmente por agricultores familiares. O presidente da entidade, Gildo Bratz, salienta que os associados não trabalham de forma extensiva, como em São Paulo, por exemplo, já que as propriedades são pequenas. Ele defende que os gaúchos adotem um modelo próprio de produção e que é preciso maior incentivo do governo.
– Temos espaços para produzir álcool, condições para produzir, mas não podemos nos basear muito no modelo paulista que é um grande concentrador. É uma situação muito delicada, pois existe uma demanda muito forte – resume.
Segundo a Emater, no Rio Grande do Sul, cerca de dez mil hectares são utilizados para fins comerciais. A produção de etanol concorre com a produção de açúcar, melado e cachaça.
Para alcançar a autossuficiência na produção de combustível, o assistente técnico estadual em agroenergia da entidade, Alencar Ruggeri, estima que seriam necessários ao menos 300 mil hectares. Ele lembra da cadeia produtiva do biodiesel, que teve avanços significativos no Rio Grande do Sul, mas ressalta que existem diferenças na implantação das indústrias.
– Para o biodiesel a cadeia já está montada. A dificuldade do etanol é que, no dia que a usina estiver montada, é preciso começar a fornecer a cana. As coisas precisam ocorrer de forma simultânea, com a introdução da cana para no próximo ano e o etanol ser produzido, se não acabamos sem um destino para o produto – ressalta.
A expectativa do agrônomo da Emater é positiva. Ele informa que experimentos realizados por pesquisadores em conjunto com a extensão rural mostram que algumas variedades podem atingir até 200 toneladas por hectare na produção de cana-de-açúcar. Hoje a produtividade média do Estado é de 80 toneladas.