Manifestações contra a construção de Belo Monte acontecem no Pará e também em outras cidades do país. Os índios que vivem no Xingu estiveram em São Paulo para serem ouvidos e ganharam apoio.
O produtor Getulio Pinheiro de Sousa, mesmo aos 72 anos, foi buscar novas oportunidades. Ele trocou o sítio em Xinguará, no sul do Pará, a 800 quilômetros de Altamira, por terras perto do Xingu.
? Viemos caçar um jeito de plantar coisas para todo mundo que precisa. A usina foi um dos motivos, com ela tudo valoriza ? conta.
Será preciso muito mais. Na zona rural, os produtores se preparam para mudar a rotina. Na Agrovila de Santo Antônio, que pertence a Vitória do Xingu, irá passar um canal para jogar o excedente do reservatório no Rio Xingu, que fica a uns 600 metros de distância.
Por isso as 60 famílias que vivem no local serão transferidas para outro lugar. Elas vivem a incerteza de naõ saber para onde irão e de como será o futuro. E essa dúvida angastia o pescador Hélio Alves.
? Eu vou ter que entrar em uma nova área. Vai ser bom ter uma moradia melhor, mas moradia não é tudo. E nosso meio de vida? ? questiona o pescador.
Mesmo questionamento faz o produtor de cacau Antônio Almeida de Santana.
? Vamos ter que nos mudar e até nos estabelecermos será difícil. Ainda mais sem saber para onde vamos ? desabafa.
O produtor Manoel Severiano Moreira Pires cria gado e planta cacau. Mas a sua maior riqueza está no alto dos morros, metade da propriedade que ele fez questão de preservar. Uma reserva legal, registrada no Ibama, com todos os impostos pagos. Só que ele foi informado que a floresta intacta, sem benfeitoria, não tem valor de indenização.
? Tem averbação do Ibama, e agora quem fez pasto tem mais valor. Minha terra é de valor e onde está a mata é mais produtiva ainda ? afirma.
Manoel não sabe quando nem quanto vai receber pela fazenda de 30 mil hectares que será encoberta pela água do reservatório. E aos 80 anos, como muitos dessa região, desconhece o dia de amanhã.