Produtores de São Paulo sofrem com falta de técnicos agropecuários

Número de técnicos no Estado é inferior ao recomendado pela FAOO problema com a falta de técnicos agropecuários em São Paulo está longe de ser resolvido. Mesmo depois do anúncio de 300 novas contratações pelo governo do Estado, produtores rurais afirmam que falta assistência. O ideal, segundo a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), seria um técnico para cada 200 propriedades. Em São Paulo um técnico atende o dobro disso.

O produtor Felipe Fonseca sempre trabalhou com hortaliças, oficio que herdou do pai. Ao longo dos anos vem aprendendo com os próprios erros e tem tentado otimizar a sua plantação. Mas acredita que se tivesse uma orientação profissional as coisas poderiam ser bem melhores.

Hoje o produtor Laerte Lopes trabalha tranquilo na sua plantação de hortaliças, mas durante boa parte dos 36 anos que mexe com a terra, diz que também perdeu muito tempo e principalmente dinheiro adubando, irrigando e até mesmo comercializando seu produto de forma incorreta. Há cinco anos ele e outros 30 produtores se organizaram e criaram a Cooperativa Agroverde. Orientados por técnicos da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (Cati), começaram a trabalhar de forma diferente e o resultado já começa a ser visto.

No Estado há 40 unidades da Cati. A principal função do órgão é dar apoio, orientar e transmitir o conhecimento cientifico de uma forma simples para os produtores rurais. O grande problema é que no Estado de São Paulo o número de técnicos é insuficiente e não consegue atender todas as propriedades.

De acordo com um levantamento, existem no Estado 324,5 mil unidades produtivas agropecuárias. Cerca de 78% são consideradas pequenas, com até 50 hectares e 16% são de médio porte, com tamanho que pode variar de 50 a 200 hectares. Mas para atender a esse público existem atualmente apenas 600 técnicos.

Este mês, o governador Geraldo Alckmin autorizou a nomeação de 289 concursados da Secretária de Agricultura e Abastecimento. Irão assumir a função de assistente agropecuário nos escritórios de desenvolvimento rural da Cati 150 deles.

Segundo a FAO, o ideal é que um técnico fosse responsável por 200 unidades produtivas. A situação atual é bem diferente. Existe um técnico para 420 propriedades. Com a recente contratação do governo do Estado uma pessoa vai ser responsável por 336 unidades.

Porém, o presidente da Associação dos Assistentes Agropecuários do Estado de São Paulo (Agroesp), Marcelo Crestana, diz que além da falta de pessoal existem ainda outros problemas.

A secretária da Agricultura do Estado, Monika Bergamaschi, assume que existe um grande problema, mas afirma que vem tentando melhorar a situação desde que assumiu o cargo em junho desse ano. Uma das soluções encontradas para a falta de técnicos seria continuar apostando na municipalização. Atualmente já existem 600 técnicos contratados por prefeituras, que atuam em parceria com os do Estado nas casas da agricultura. Monika diz ainda que abertura de novos concursos é fundamental.