O produtor rural Américo Amano, por exemplo, vai plantar 160 hectares na cidade de Cambé, no norte do Paraná. Por enquanto, ele nem pensa em negociar a soja. No ano passado, a venda antecipada de grãos garantiu a compra de fertilizantes por um preço mais baixo, o que não deve ocorrer agora.
? Eu acho que o produtor tem que continuar praticando o que nos últimos três anos tem feito: venda a futuro quando o preço representa um retorno significativo do seu investimento e deixa uma parte para especular mais tarde ? afirma Benami Bacaltchuck, diretor-presidente da Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária (Fepagro).
De acordo com analistas de mercado, a instabilidade de preço das commodities agrícolas fez com que os produtores adiassem as negociações de novos contratos. No Rio Grande do Sul, 30% da última safra de soja ainda não foram vendidas. O gerente de grãos da Cooperativa dos Agricultores de Plantio Direto (Cooplantio), Marcelo Pinto de Faria, afirma que trata-se de um mercado de grande volatilidade.
? Nós estamos trabalhando com um mercado com uma chance de 75% de volatilidade. O produtor está arriscado a plantar com insumos caros e colher num preço futuro barato. É um momento que ? eu te confesso que com 26 anos que eu vou fazer no mercado ? eu nunca tinha visto uma disparidade tão grande. E os fatores que estão fazendo com que o mercado tenha essa volatilidade são fatores técnicos, não são oriundos da cadeia de produção.
O Mato Grosso é o Estado onde houve mais avanço na comercialização da safra 2008/2009. Os agricultores venderam 21% de forma antecipada, segundo a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado. O volume representa a metade dos negócios fechados no mesmo período do ano passado.