Em Diamantino, no centro-sul do Estado, a colheita está lenta. Foram cultivados cerca 319 mil hectares de soja nesta safra no município. Segundo estimativas do Instituto Mato Grossense de Economia Agropecuária (Imea), os agricultores ainda precisam colher mais de 10% da área.
O produtor rural Roger Augusto Rodrigues plantou 2,5 mil hectares de soja. Desta área, colheu menos de 80% da área. Por enquanto, o agricultor não registrou perdas na qualidade dos grãos. A lavoura ainda não apresenta a chamada soja ardida, uma das consequências do excesso de umidade. Mesmo assim, ele está preocupado com o ritmo da colheita e decepcionado com os resultados.
– A gente tinha euforia danada por quebra nos EUA e na região Sul no ano passado, e hoje os problemas também acontecem aqui em MT. Mato Grosso era um lugar que parecia ter seguro com São Pedro, e este ano parece que ele virou as costas. O saldo vai ser muito longe que a gente esperava – afirma o produtor.
Além do comprometimento do cronograma, o clima também prejudicou o desenvolvimento das plantações. Durante quase 50 dias, o tempo ficou nublado na região. Pouca luminosidade, justamente na época em que as plantas mais precisavam de luz para encher os grãos.
– Na nossa região, houve seguramente entre 15 e 20% de quebra. Não é exagero. Tem gente com quebra maior que isso. Tenho visto previsões de grande safra, mas todo lugar relata problema, abaixo do esperado. Vejo safra com grandes problemas – conta Rodrigues.
O tamanho reduzido dos grãos comprova a estimativa de quebra. O produtor rural Altemar Krölling está quase acabando a colheita da lavoura de 1,4 mil hectares e também ficou frustrado com o resultado da safra.
– No ciclo 2012/2013, a gente fica frustrado. Visualmente, a soja no campo estava muito bonita. Na hora que madurou, entramos com colheita, da metade para o fim foi decepção. E não é questão de variedades. Em todas estão acontecendo problema. Todas estão com o mesmo problema.
No ano passado, o agricultor colheu em média 54 sacas por hectare. Este ano torce, ele para que o rendimento chegue a pelo menos 48 sacas.
– Não digo que foi prejuízo, mas a gente deixou de se capitalizar com 6,7 sacas por hectare. Era o investimento na lavoura. Talvez não será possível saldar dívidas de outros anos – explica Krölling.
Em Mato Grosso, 580 mil hectares de soja ainda não foram colhidos. A estimativa do Imea é que a produtividade média das lavouras fique abaixo de 50 sacas por hectare, uma a menos que o previsto. Com isso, a produção total deve fechar em torno de 23,6 milhões de toneladas do grão, cerca de 542 mil toneladas abaixo da projeção inicial.