Produtores de soja de Mato Grosso do Sul demonstram cautela sobre RR2, diz Famasul

Segundo a entidade, agricultores afirmam que nova tecnologia da Monsanto deve passar por mais testes antes da comercializaçãoProdutores de Mato Grosso do Sul demonstram cautela em relação aos benefícios da nova tecnologia desenvolvida pela Monsanto para a soja, Intacta RR2 Pro, de acordo com a Federação da Agricultura e Pecuária de MS (Famasul). O produto, cujo valor estipulado pelos royalties é R$ 115 por hectare, foi testado por 500 produtores brasileiros e deve chegar ao mercado na safra 2012/2013. A promessa é de uma cultivar com maior resistência às lagartas e aos defensivos agrícolas, além de aumento substancial

– Temos a convicção de que a biotecnologia é uma ferramenta importantíssima para o aumento de produtividade e melhoria nos sistemas de cultivo. O que precisamos e conhecer os benefícios destas tecnologias para que o produtor possa pagar um preço justo pela sua utilização – diz.

Mato Grosso do Sul cultiva uma área de 1,8 milhão de hectares de soja. Na safra 2011/2012, o Estado colheu 4,7 milhão de toneladas. Conforme a Federação, os agricultores alegam que faltam testes de cunho científico para a efetiva comprovação das vantagens prometidas para a RR2.

Integrante do grupo que testou a cultivar, o agricultor Luciano Muzzi Mendes relata ter cultivado 2,8 hectares com a nova variedade, obtendo produtividade de quatro sacas por hectare a mais do que alcança com a variedade que domina a sua lavoura, em Maracaju, maior produtor de soja de Mato Grosso do Sul. Ainda assim, Mendes afirma considerar que há necessidade de testes mais efetivos para atestar o êxito da nova variedade.

– Vou destinar 5% da lavoura para a Intacta, porque um ano é muito pouco para atestar sua viabilidade econômica. Só é possível dizer se é caro ou barato quando conseguirmos enxergar o resultado da tecnologia. Ainda é precoce fazer qualquer afirmação neste sentido – avalia.

Cautela também é a recomendação do produtor rural Luiz Alberto Moraes Novaes.

A necessidade de comprovação sobre a viabilidade econômica da tecnologia também é apontada pelo produtor Leôncio Brito Neto. Ele pontua, no entanto, que produtores mais arrojados devem apostar na nova soja.

– É preciso dados científicos. Eu sou mais conservador, tenho receio de tecnologias não comprovadas. Precisamos ter noção em termos percentuais sobre a vantagem a partir da economia e produtividade que ela pode gerar – opina.