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Produtores querem ter silo próprio, mas burocracia impede acesso ao crédito

Aprosoja Mato Grosso lança ofensiva para que financiamento seja facilitado. Estado possui apenas metade da capacidade de armazenagem necessária para estocar a atual produção de grãos

Pedro Silvestre, de Primavera do Leste (MT)
Para escapar da dependência dos preços baixos e tentar ampliar a rentabilidade no pós-colheita, agricultores de Mato Grosso buscam linhas de crédito para construir armazéns próprios. Mas, a burocracia na hora de acessar as linhas de créditos voltadas especificamente para isso, atrapalha o plano dos agricultores, que aguardam agora a ajuda da Aprosoja do estado para resolver o impasse.

Em ano de safra cheia, como os atuais, os produtores mato-grossenses teriam na armazenagem o trunfo para tentar conseguir uma rentabilidade mais satisfatória. Entretanto, como a ampliação dessa estrutura não cresce na mesma medida que a produção, muitos se veem obrigados a vender boa parte dos grãos a valores pouco remuneradores.

“O agricultor tem que ficar com esse lucro, não a trading, o comprador, ou o atravessador. Isso tem que ficar com o agricultor, porque é ele que investe no setor”, diz o produtor de Primavera do Leste (MT) Cezar Sleser Leal

A capacidade estática de armazenagem no estado, segundo o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), é de 36,4 milhões de toneladas. O volume é considerado insuficiente, ressalta o presidente da Aprosoja-MT, já que a safra 2017/2018, por exemplo, deve fechar com uma produção de 60,7 milhões de toneladas entre soja e milho. O ideal era que a capacidade estática de armazenagem superasse em 20% o volume produzido, ou seja, o estado deveria ter espaço para guardar pelo menos 72,9 milhões de toneladas de grãos.

“Sem armazém não se consegue fazer nada. Aonde você vai colocar o seu produto no momento de colheita? Tem que ter armazém, porque o momento da colheita é crucial ter este espaço para ficar tranquilo”, afirma Antônio Galvan, presidente da Aprosoja-MT.

Uma das saídas para aumentar esta capacidade são as linhas de créditos oferecidas pelo governo federal. O problema é a burocracia para acessá-las. Segundo Galvan, o governo destinou R$ 700 milhões para a construção destes estoques, com juros de 5.25%, ou seja, menor que o cobrado nos armazéns de terceiros hoje, mas estes também têm limitações de capacidade.

“São unidades pequenas, com até seis mil toneladas e precisamos de mais. A grande dificuldade são as garantias que os bancos exigem e queremos que elas sejam mais flexíveis para o produtor ter acesso a esse recurso. Senão não tem sentido, conseguimos tudo, o valor, um juro menor e para que? Para ficar empatado na burocracia”, conta Galvan,

O consultor de planejamentos Tovar Joel Weis cita alguns itens importantes da lista exigida pelos bancos, para facilitar a aprovação do financiamento para a construção de armazéns. Mas, antes ele alerta: o produtor deve ficar atento aos detalhes do contrato, principalmente quanto às questões ambientais.

“Precisa da Autorização Provisória de Funcionamento de Atividade Rural (APF), do Cadastro Ambiental Rural (CAR) e do Comunicado de Armazém e Silo, que pode ser feito na prefeitura do município. A linha de crédito permite que o produtor financie uma estrutura que armazene até 70% da produção. E em termos de garantia, precisa de um imóvel que tenha margem para cobrir o investimento”, diz Weis.

O consultor atende muitos produtores rurais em Primavera do Leste e afirma que a procura por essa linha de crédito tem aumentado na região. Todas as operações encaminhadas foram contratadas, garante ele.

O produtor Sleser foi um dos contemplados e financiou parte do dinheiro usado na ampliação do armazém da fazenda. Os trabalhos já começaram e em breve, a capacidade de estocar 60 mil sacas de grãos será triplicada. O aporte foi de quase R$ 7 milhões.

“Hoje todo agricultor deve fazer a conta, observar o frete, o desconto, fazer contas, pois é uma loucura colher e ficar a mercê de jogar produto no chão. Lá na frente esse investimento trará tranquilidade, vai fazer a diferença. Temos que buscar a autossuficiência, levar vantagem na venda”, diz.

O presidente da Aprosoja-MT reforça que a entidade tem um programa de auxílio para os agricultores interessados em financiar a construção ou a ampliação de armazéns próprios. O foco é desburocratizar o acesso ao recurso.

“O programa Armazena Mato Grosso veio para ajudar justamente o produtor que queira fazer o seu armazém, ou mesmo dividir com outros produtores. Nossa meta junto aos órgãos competentes é desburocratizar, já estamos negociando com eles que se tenha uma regulamentação menos rígida onde o produtor consiga ter esse acesso mais fácil a esse recurso”, afirma Galvan.

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