O mercado de fertilizantes é o ponto mais crítico da agricultura e deve impactar a produção entre 2021 e 2022, na análise do comentarista Benedito Rosa.
“Para que nós todos tenhamos clarezas do contexto do problema, é preciso lembrar que apenas quatro países consomem aproximadamente 60% dos fertilizantes (NPK), que são a Índia, China, Estados Unidos e Brasil”, observa ele.
Segundo Rosa, quando há problemas nos outros três países produtores, os preços são impactados. “Com a pandemia, houve uma diminuição nos preços — os agricultores brasileiros, no primeiro trimestre, fizeram compras adiantadas, por sorte, evitando o que veio depois”, pontua o comentarista.
Ou aumento no preço da uréia, por exemplo, foi de 68% entre janeiro e setembro. “Um dos maiores produtores de fertilizantes do mundo, a China, está atravessando uma tempestade que veio com o estouro da bolha imobiliária, a crise energética e a diminuição da produção de carvão para diminuir a poluição”, conta Rosa.
“As fábricas de fertilizantes tiveram problemas imediatos na China, além de questões de gestões que devem surgir mais pra frente. Isso fez reduzir a produção e a venda de fertilizantes da China para o mundo, inclusive de ureia e glifosato para o Brasil”, acrescenta ele.
O comentarista também observa que outras questões políticas entre os países da Europa e os Estados Unidos também impactam no fornecimento de potássio, fornecido ao Brasil pela Bielorrúsia. “São problemas que não serão resolvidos no curto prazo”, prevê Rosa.
Segundo ele, o Brasil tem grandes reservas de fertilizantes, mas não tem capacidade política, técnica e econômica para organizar sua exploração. “Os produtores terão que absorver o aumento de custo, diminuindo suas margens, o que impactará num crescimento menor”, afirma.