O assentamento São Pedro, em Patrocínio, no triangulo mineiro, produz o café há 10 anos e serve como exemplo desse bom momento. Odair Jose de Souza vive esta realidade desde o começo na luta pela terra e agora enfrenta o desafio de torná-la produtiva. Começou com a tradicional produção de leite, com oito vacas e uma produção de 80 litros por dia. Resolveu diversificar introduzindo um cafezal. Mas faltou experiência e principalmente condições de cuidar da produção. O cafezal ficou abandonado e ele perdeu o melhor momento de bons preços.
Já o vizinho de Odair, Valdemar Egídio da Silva, sempre foi produtor rural. Está no assentamento há cinco anos, quando comprou a terra de outro assentado. Ele não conhecia café, mas aprendeu no dia-a-dia que para a plantação dar certo tem que ter dedicação para compensar a falta de recursos. Valdemar começou com três hectares de café e hoje já tem oito. Para o ano que vem, além de aumentar em 30 por cento a produção, garantiu valores acima de 500 reais pela saca.
No assentamento estão 41 famílias, dessas 25 trabalham com café. Os cafezais variam entre 02 e 8 hectares. A maioria faz parte da Associação dos Pequenos Produtores de Café do Cerrado, que foi criada em 2010, no ano da retomada dos bons preços.
– Os preços vinham defasados há muito tempo. Acho que foi a falta de café no mercado que deu essa arrancada nos preços este ano. A colheita foi fraca, produzi pouco, mas o preço foi bom e recuperou. Deu pra quitar as dividas – explica o presidente da Associação, José Ferreira.
O cafezal de José tem certificação “fair trade”, que faz exigências baseadas principalmente nos trabalhos sociais e ambientais. A associação vendeu 2.400 sacas certificadas na última safra e conseguiu uma bonificação de R$ 90 mil. Desse valor, 25% podem ser usados para melhoria da qualidade na produção.
A última crise na cafeicultura, que fechou com o ciclo de uma década, estava tirando a pequena propriedade do mercado. A realidade do assentamento é a mesma de grande parte dos produtores mineiros, conseguiram uma recuperação significativa, alcançar novamente bons preços e ainda incluir a sustentabilidade dos pequenos cafezais.
Segundo o consultor do mercado do café, Kássio Fonseca, em função das crises, os agricultores que foram ficando em dificuldade acabaram sendo engolidos por alguns médios e grandes produtores. Hoje, com esses preços interessantes, que estão voltando ao mercado, esses pequenos produtores puderam voltar para a cultura do café, apesar dos custos continuarem elevados.