Segundo ele, a farinha de trigo do país vizinho entra no Brasil com preço abaixo do preço de mercado.
– Com isso, o crescimento da exportação da farinha de trigo da Argentina para o Brasil cresceu 332% – afirmou.
Ao concordar com Amaral, o presidente da Organização das Cooperativas do Estado do Paraná (Ocepar), João Paulo Koslovski, ressaltou que o Brasil tem potencial para produzir mais trigo, mas falta política pública para o setor.
Os debatedores participaram de audiência pública promovida pelas comissões de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural; e de Relações Exteriores e de Defesa Nacional, e requerida pelos deputados Eduardo Sciarra (PSD-PR), Luis Carlos Heinze (PP-RS), Moreira Mendes (PSD-RO) e Eleuses Paiva (PSD-SP).
Vontade política
Koslovski destacou as medidas necessárias para aumentar a produção nacional de trigo. Entre elas, vontade política para inserção do produto na pauta do agronegócio; interação entre todos os atores da cadeia do trigo; definição de política de comércio externo, especialmente no Mercosul; e políticas públicas claras para o cereal.
O presidente da Ocepar informou que, neste ano, a área cultivada do produto foi de 1,88 milhão de hectares, “quando o potencial é de 5 milhões de hectares”. Já a estimativa da produção é de 5,2 milhões de toneladas para um potencial de 14 milhões.
Segundo Koslovski, com uma política consistente para o setor, a demanda interna seria suprida.
– Por causa da falta de estímulo, a produção de trigo no Paraná caiu 30% nas duas últimas safras – alertou.
Grupo de trabalho
Na tentativa de encontrar uma solução para o problema, Luis Carlos Heinze propôs a formação de um grupo de trabalho para debater o assunto com os ministérios da Agricultura, das Relações Exteriores e da Indústria e Comércio. O diretor de Assuntos Comerciais da Secretaria de Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, Benedito do Espírito Santo, afirmou que o ministério está à disposição para discutir as dificuldades do setor de trigo e buscar uma solução.
Por sua vez, Orlando Leite Ribeiro, chefe da Divisão de Agricultura e Produtos de Base do Ministério das Relações Exteriores, adiantou que a melhor solução para o problema seria investir no setor produtivo. Em sua avaliação, a imposição de medidas antidumping teria impacto indesejado para a indústria brasileira, que exporta outros produtos para a Argentina.