O relatório foi debatido durante a 9ª Reunião Ordinária de Ministros do Meio Ambiente do Mercosul, realizada nesta sexta no Rio de Janeiro, e que contou com representantes de Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, assim como do Chile, país associado ao bloco.
O documento adverte que as 55 eco-regiões “estão afetadas de alguma forma e em diferente grau pelo comércio internacional ou os processos de integração”.
Segundo o texto, devido a 60,5% das exportações dos cinco países serem de bens primários, o comércio internacional da região é um dos fatores que mais pressiona o crescimento das áreas de cultivo e pasto para a pecuária no Mercosul.
No caso da Amazônia, o documento destaca que sofre a pressão de agricultores interessados em aumentar suas áreas de plantação e de madeireiros.
O texto acrescenta que o estado de preservação da savana brasileira e do Pantanal já é crítico e que os dois ecossistemas sofrem um rápido processo de expansão da fronteira agropecuária.
O estudo considera muito “vulnerável” o estado de conservação da savana da Argentina, do Chaco e dos desertos de Atacama e Sechura, e como “crítico-ameaçado” o do Espinal e da Patagônia e a floresta temperada Valdivia.
O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, assinalou que o estudo demonstra que o ambiente deixou de ser algo secundário para o bloco.
? Coincidimos em que, como já ocorre nos países desenvolvidos, o meio ambiente também é prioritário na órbita da produção e do comércio do Mercosul.
O ministro de Habitação, Ordenamento Territorial e Meio Ambiente do Uruguai, Carlos Colacce disse que como os países do Mercosul exportam principalmente produtos que surgem de seus recursos naturais, a conclusão é que se os países do Mercosul não protegerem o meio ambiente, vão terminar matando sua “galinha dos ovos de ouro”.
O texto indica também que as atividades comerciais e a própria integração desempenham um papel decisivo sobre os recursos naturais e sobre os ecossistemas compreendidos em uma área de 12 milhões de quilômetros quadrados que abrange os cinco países.
Além disso, o documento afirma que várias das eco-regiões são compartilhadas pelos países do Mercosul, o que demonstra “que nenhum está isolado ambientalmente”.
Os produtos agropecuários e matérias-primas representam 47% das exportações do Brasil, 60% para a Argentina, 70% para o Uruguai, 80% no Chile e 87% no Paraguai.
O relatório adverte de que, por essa razão, as medidas que restringem a extração dos recursos naturais se “chocam” com os potenciais lucros de exportação, especialmente porque os preços são impostos por países que não sofrem diretamente os danos ambientais.