O sistema de certificação foi concebido para ser aplicado em três níveis. O primeiro deles avalia toda a documentação e os aspectos legais da operação. Será preciso comprovar que a empresa ou o operador atua em conformidade com a legislação e a regularidade de sua situação junto a órgãos competentes como Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) entre outros.
O segundo nível permite a certificação da qualificação tecnológica do participante. Ela será alcançada através da aprovação, com frequência mínima e desempenho satisfatório, no curso de capacitação denominado qualidade técnica e responsabilidade ambiental na aplicação aérea. O programa prevê que o curso seja oferecido em dois módulos – Qualidade da tecnologia de aplicação e Planejamento e responsabilidade ambiental, com uma carga total de 16 horas/aula.
A conformidade de equipamentos e instalações é o terceiro e último nível de certificação. Para obtê-la a empresa ou operador deverá comprovar a conformidade, a funcionalidade e a qualidade dos equipamentos de pulverização e das instalações utilizadas, a partir de uma inspeção realizada a campo.
Ganhos de qualidade
– Trata-se de uma demanda antiga da área. Por se tratar de um programa privado de certificação, esta ação aponta para o caminho da autorregulamentação do mercado de pulverizações aéreas, como já ocorre em diversos segmentos da sociedade. E o fato de ser operacionalizado por universidades públicas confere a necessária credibilidade e imparcialidade ao processo – explica o professor Ulisses Rocha Antuniassi, da FCA/Unesp, coordenador geral do programa.
– O processo de certificação aeroagrícola seguramente levará a um aumento da qualidade nas aplicações aéreas de produtos fitossanitários e isso resultará na manutenção da qualidade dos alimentos e, principalmente, na redução dos impactos ambientais. Desta forma, a sociedade em geral terá um grande ganho – avalia o professor João Paulo Rodrigues da Cunha, da UFU, um dos responsáveis pelo desenvolvimento do programa.
– A proteção das lavouras mediante o uso de produtos fitossanitários é muito importante por razões técnicas e sociais. No entanto, a sociedade demanda maior qualidade nas aplicações desses produtos. E a Universidade precisa atender a isso, por meio de projetos de pesquisa ou de extensão – complementa Cunha.
A adoção de padrões de qualidade para as atividades aeroagrícolas é ressaltada pelo professor Wellington Pereira Alencar de Carvalho, da UFLA, também responsável pelo desenvolvimento do programa.
– A certificação possibilitará melhorias desde o controle das gotas geradas e dos volumes aplicados até a identificação e verificação das condições ideais de aplicação, com uma análise técnica das interferências das condições ambientais nas aplicações. Além de um incremento na segurança, isso vai resultar também no aumento da credibilidade da atividade aeroagrícola.
Carvalho ressalta ainda que “a transferência de conhecimentos gerados na universidade e instituições de pesquisa terá ganhos adicionais pela troca de experiências entre os segmentos envolvidos”.
– Queremos que tanto aplicadores como produtores utilizem os produtos de forma certa e -quando necessários. Tudo isso pode ser feito com as melhores técnicas e tecnologias já disponíveis. Nossa expectativa é que o programa atinja todos os aplicadores aeroagricolas do país, pois ajudará a todos, pessoas, produtores, técnicos, meio ambiente, campo e governo – afirma José Annes Marinho, gerente de Educação da Andef.
– Acreditamos que a certificação dos operadores vai melhorar a qualidade dos serviços prestados e a segurança ambiental, gerando maior credibilidade na sociedade em relação a pulverização aérea. Vamos trabalhar para o convencimento de todos os operadores. Esperamos que o programa tenha uma grande adesão – complementa Nelson Paim, do Sindag.
O programa conta com apoio do Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola (Sindag) e da Associação Nacional de Defesa do Vegetal (Andef). E sua gestão ficará a cargo da Fundação de Estudos e Pesquisas Agrícolas e Florestais (Fepaf), entidade sem fins lucrativos ligada à FCA/Unesp, com sede em Botucatu/SP. Tanto as entidades quando os responsáveis pelo desenvolvimento do programa de certificação apostam em uma ampla adesão do setor.