Desde que foi lançado, em 2003, o Luz para Todos chegou a um 1,8 milhão de casas no interior do país. Pelos cálculos do governo, mais de 9,3 milhões de pessoas tiveram acesso à energia elétrica. Bahia, Pará e Maranhão foram os Estados mais beneficiados. No entanto, dois milhões de pessoas que o governo pretendia contemplar até o fim do ano passado, sendo 500 mil só em 2008, não foram atendidas.
? O Luz para Todos depende muito de clima. A região Nordeste que, normalmente é a que mais executa ligações para o programa, no ano passado teve um prolongamento das chuvas. Isso geralmente faz com que o desempenho baixe ? explica o diretor nacional do Luz para Todos, Hélio Morito.
O governo reconhece que o programa enfrenta dificuldades em alguns Estados. Em Santa Catarina, a expectativa era concluir as instalações em 2008, mas as chuvas, segundo o Ministério de Minas e Energia, atrapalharam os planos. No Piauí a situação é mais preocupante. Má gestão na concessionária do Estado deixou as obras de instalação de rede elétrica paradas por meses.
? Em função do baixo desempenho da Cepisa [Companhia Energética do Piauí] com relação ao Luz para Todos, a Eletrobrás assumiu o comando e esperamos que o número de ligações evolua bastante ? diz Morito.
Apesar das dificuldades, o governo garante que o Luz para Todos tem cumprido a finalidade de fixar o homem no campo. Contido, não é o que dizem representantes dos agricultores. A Confederação dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) reclama que muitos produtores não têm acesso ao benefício porque querem, por exemplo, utilizar a energia elétrica para irrigar a produção. É o caso de produtores rurais que moram distante de poços de água e que, se tiverem que estender a fiação da residência até o poço, vão pagar muito caro pelo serviço.
? O homem precisa ter estímulo para viver no campo, e uma das maneiras principais é que ele tenha renda para ter uma vida digna. Ter luz não deixa de ser um instrumento complementar. Sem dúvida, a energia articulada com o processo de produção vai dar muito mais condições de permanência do homem no campo ? justifica o presidente da entidade, Manoel dos Santos.