Na década de 1970, depois de perder toda a lavoura com uma forte enxurrada, em Rolândia, norte do Paraná, o agricultor Herbert Bartz decidiu apostar na cobertura do solo como forma de proteção da terra. Hoje ele é considerado o pai do plantio direto no Brasil.
? O fantástico é que nosso plantio direto aqui no Brasil virou modelo no mundo. O plantio direto brasileiro não tem comparação. Nenhum país no mundo se faz plantio direto dessa qualidade, principalmente também porque a nossa pesquisa, aí se vai ver depois o que Iapar e Embrapa fizeram em rotações de culturas e coberturas. Esse é o segredo, porque a agricultura brasileira é lucrativa e sustentável. Sustentável quer dizer que o filho, se o pai fizer bem feito, colhe mais que o pai.
O plantio direto é uma das práticas recomendadas pela portaria interministerial número 36. A medida federal, elaborada pelos ministérios da Agricultura, do Meio Ambiente e do Trabalho, indica ainda o sistema orgânico, agricultura irrigada, adoção da integração lavoura-pecuária e ações ligadas à sanidade animal, entre muitas outras. A gestão ideal da propriedade passa ainda pela capacitação de profissionais ligados às atividades rurais e respeito às normas trabalhistas.
? Na portaria existem alguns prazos, então dentro de 15 dias vai ser formado o comitê gestor do Ministério da Agricultura e dentro de 60 dias é o prazo para cada ministério escrever as ações para que realmente esses pilares sejam cumpridos. Então, dentro de 60 dias teremos novidades em relação a essa questão ? comenta Andréia Parija, do Ministério da Agricultura.
Na verdade, a portaria é um conjunto de tecnologias, algumas indicadas há bastante tempo pela pesquisa. Mas muitos produtores pressionados por resultados financeiros imediatos não adotam os métodos.
? O produtor, deixando um pouco esse imediatismo de lado, fazendo uma sequencia adequada de culturas, uma rotação adequada, privilegiando plantas que vão dar maior disponibilidade de nutrientes, maior equilíbrio dos organismos dos solos, pro exemplo o caso de milheto, braquiárias, crotalárias e outros, que têm diminuído os nematóides, então você devolve o equilíbrio do solo ? comenta Ademir Calegari, pesquisador do Iapar.
? Consequentemente, você aumenta o potencial produtivo e, principalmente, diminuindo os custos de produção. Nós temos que ter plantas vegetando o ano todo. E consequentemente nós vamos ter aumento de produção, de produtividade, aumentando a renda líquida do produtor, numa condição de amizade, de respeito ao ambiente, com menos pesticidas, menos riscos aos produtores, com qualidade de vida, com qualidade de água, e aí vai ser bom pra todos ? conclui.