Projeto em análise na Câmara altera concessão de terras para remanescentes de quilombos

Pela proposta, remanescentes são pessoas que se identificam com descendentes de ancestrais negros que se agruparam, resistindo à escravidãoA Câmara analisa o Projeto de Lei 1836/11, do deputado Valdir Colatto (PMDB-SC), que altera normas para a concessão de propriedade aos remanescentes de comunidades quilombolas que estejam ocupando suas terras. Pela proposta, serão consideradas remanescentes das comunidades quilombolas aquelas pessoas que tenham vínculos culturais específicos que os identifiquem como descendentes de ancestrais negros que, durante a vigência do regime escravocrata, se agruparam para formar comunidades rurais de re

Esta é uma definição mais restrita do que a em vigor atualmente, regulamentada pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), que caracteriza como remanescentes quilombolas “os grupos étnico-raciais com trajetória histórica própria, dotados de relações territoriais específicas, com presunção de ancestralidade negra relacionada com a resistência à opressão histórica sofrida”.

A norma em vigor também determina que a caracterização dos remanescentes das comunidades dos quilombos será atestada mediante autodefinição da própria comunidade. Colatto argumenta que o decreto em vigor já tem sido questionado no Supremo Tribunal Federal sob alegação de inconstitucionalidade.

? Além disso, o decreto não é o instrumento jurídico adequado para regulamentar matéria de direito, pois só pode versar sobre matéria administrativa ? argumentou.

Para a aquisição da posse da terra, a proposta define que a comunidade de quilombos deverá comprovar as referências culturais que possam caracterizá-lo como remanescente de comunidade quilombola. Além disso, a área reivindicada deverá ser localizada em zona rural e estar efetivamente ocupada e habitada pelo pretendente e sua família.

Condomínio

Se houver mais de uma família de remanescentes das comunidades de quilombo, a propriedade da área comum poderá ser concedida ao conjunto de habitantes, em regime de condomínio. Ficará proibida, no entanto, a concessão da propriedade às sociedades jurídicas ou comerciais.

O projeto também obriga à paralisação do processo administrativo de análise e demarcação da terra caso haja briga na Justiça sobre a questão. O processo ficará parado até o trânsito em julgado da ação judicial. De acordo com o texto, fica assegurado aos remanescentes das comunidades dos quilombos o direito à preservação da identidade cultural, de suas tradições, usos e costumes.

A proposta tramita em caráter conclusivo e será analisada pelas comissões de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural; Direitos Humanos e Minorias; e Constituição e Justiça e de Cidadania.