A autonomia dos povos indígenas foi um dos temas que marcou a cerimônia de abertura da Parecis SuperAgro 2022.
O presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Marcelo Xavier, recebeu um projeto que busca o licenciamento ambiental da atividade agrícola mecanizada nas aldeias. Ao todo, são cinco territórios indígenas na região dos Paresi que já realizam este tipo de cultivo. Esse estudo é inédito no país e busca dar autonomia documental para esses povos.
Mesmo com os obstáculos provocados pelo clima desfavorável durante esta safra, o resultado da colheita da soja convencional nas terras indígenas haliti-paresi, manoki e nambikwara foi comemorado.
“O ano passado fizemos investimento maciço em recuperação de solo, principalmente com a aplicação de calcário, em algumas áreas até no sistema biológico, e também investimos muito em capacitação operacional e outro investimento de tecnologia em cima da melhoria das máquinas, então a expectativa nossa era esse ano de 56 a 58 sacas por hectare, mas por causa de muita chuva tanto no início do plantio quanto na colheita que prejudicou bastante também, tornando muito úmido a colheita e ardido também, fechamos em 52 sacos no geral”, afirma Genilson André Kezomae, diretor Coopiparesi.
As terras indígenas somam mais de 1,1 milhão de hectares dos quais menos de 2% são destinados a agricultura mecanizada de larga escala.
A produção de soja convencional é o carro chefe, emprega quase trezentos trabalhadores diretos e indiretos, 95% deles são indígenas.
“Como ainda não detemos 100% dos serviços técnicos então ainda é preciso buscar aqui fora, principalmente na área de mecânica, outros serviços mais sofisticado tecnológicos e também outros serviços como caminhão, parte de colheitadeiras”, complementa.
A agricultura mecanizada de larga escala foi introduzida nas terras indígenas há quase duas décadas. O cultivo de grãos como soja, milho e feijão, pelas etnias haliti-paresi, nhambikwara e manoki movimenta anualmente cerca de R$ 120 milhões e traz benefícios a quase 3 mil indígenas.
“Nós vivemos em um mundo capitalista que é aqui dentro do Brasil, mas dentro da sociedade indígena o nosso sistema é coletivo, então todo o resultado ele volta de forma coletiva para todas as comunidades, esse ano foi um ano muito bom para a comunidade no nosso caso foi o repasse social, a gente calcula três sacas por hectare em cima disso a gente cria um programa, multiplica, o valor geral é vendido pelas cooperativas esse ano foi entre 4 a 5 mil reais por pessoa recebida. Somando todas as cooperativas, soma quase dez milhões em repasse social”, complementa Kezomae.
“A primeira coisa que a gente tem que entender é a autonomia da vontade, o indígena quer desenvolver a agricultura de larga escala ótimo, tanto é que no ano passado nós entregamos por todo brasil uma atividade inédita o ano passado 40 tratores todos eles equipados, plantadeira, calcareadeira, para que eles desenvolvam essa atividade, e as parcerias nas cooperativas de indígenas e não indígenas é possível desde que o capital seja majoritariamente indígena é possível, e a atividade tem que ser desenvolvida pelo próprio indígena por isso que entendemos que tem que haver capacitação através do Senar, sindicatos rurais”, diz o presidente da Funai.
Se aprovado, o licenciamento ambiental poderá garantir acesso dos povos indígenas à financiamentos para custear a atividade, o que hoje ainda é um entrave para eles.