O uso de drones, o nome popular para Veículo Aéreo Não Tripulado (VANT), está ganhando cada vez mais espaço na agricultura e na pecuária. O equipamento, que funciona por controle remoto, é usado para gravar imagens aéreas das propriedades rurais e, com elas, acompanhar o desenvolvimento das lavouras e monitorar o rebanho.
Outras funções mais específicas já vêm sendo testadas por entidades públicas e privadas. O produtor rural Simon Spekken cultiva soja e milho em 1.400 hectares em Maracaju. Uma pequena área de 10 hectares foi monitorada com os equipamentos. A partir das imagens registradas pelos drones, o produtor percebeu que a área sofria com encharcamento de solo, o que acabou provocando perda de 30% de produção naquele talhão. O problema será corrigido para a próxima safra.
– Agora que está identificado o lugar, vamos fazer uma drenagem nas áreas encharcadas. Essa ferramenta, com certeza, será importante. Vai gerar um custo, mas vai ser um investimento porque você vai conseguir corrigir várias falhas e assim, tentar melhorar a produtividade – diz Spekken.
A fazenda é uma das quatro propriedades rurais de Mato Grosso do Sul que estão participando do projeto experimental mais recente na área. Em parceria com consultores em Agronomia, a Bayer CropScience está testando dois equipamentos com tecnologia suíça. O primeiro é um drone com 200 gramas e 40 centímetros, acionado por controle remoto. O outro é em formato de avião, feito de isopor, com 500 g e 60 cm e que funciona de forma autônoma, a partir de um plano de voo. Nos dois casos, a câmera acoplada registra as imagens que são analisadas em um software específico.
Foi observando essas imagens que o produtor Marcio Beukhof percebeu que a plantação de milho está com diversidade de cores e falhas no espaçamento. Com auxílio do consultor, ele já definiu que irá corrigir, reduzindo a velocidade de plantio e adequando a colheitadeira para ter uma melhor distribuição da semente.
– É impressionante, porque a gente espera que a lavoura esteja sempre uniforme e acaba descobrindo que tem muitas imperfeições que do chão a gente não pode enxergar – observa Beukhof.
Para o consultor Aroldo Marochi, a ferramenta é muito importante para tornar a lavoura cada vez mais profissional. Ele ressalta que o uso não dispensa a figura do agrônomo ou do especialista na lavoura, mas serve para ajudar o profissional a tomar as decisões.
– As imagens vão se unir às análises de solo e à agricultura de precisão. Se eu for percorrer a pé a área, não vou conseguir perceber o quanto realmente está sendo afetado – demonstra Marochi.
O projeto desenvolvido pela Bayer ainda não tem previsão de ser comercializado, porque aguarda regulamentação da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) sobre o uso de drones autônomos. A expectativa da empresa é de que essa regulamentação saia ainda neste ano.
– É um programa de trabalho que começa com o diagnóstico da imagem, passa pela análise do solo, de fertilidade, se percebe se há problemas de nematoide ou outras doenças. O produtor vai conseguir extrair mais resultado da lavoura, já que o monitoramento permite que ele faça ajustes para a próxima safra – afirma o consultor de Desenvolvimento de Mercado da Bayer Flavio Mata.
A equipe do Canal Rural viajou a convite da Bayer.